Espécie do mês de Agosto 2014: Esquilo-vermelho


O esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) possui uma pelagem bastante variável, sendo castanho-avermelhada viva no Verão e castanho-escuro com matizes cinzentos e tufos nas orelhas no Inverno, por norma a coloração avermelhada está mais associada a zonas de altitude mais baixas, enquanto que nas zonas mais altas predomina a coloração castanho-escuro, não se sabe bem se esse fenómeno se deve ao tipo de habitat ou ao tipo de alimentação. O esquilo-vermelho apresenta uma cauda espessa e felpuda bastante característica e possui as patas traseiras mais compridas e fortes que as patas dianteiras, que contribuem para o seu equilíbrio aquando das “acrobacias” nas árvores. 
Os machos em reprodução podem ser identificados pela pele escura e pelada do escroto, com manchas amarelo-alaranjadas, enquanto que as fêmeas em fase reprodutora têm os mamilos intumescidos e sem pêlo. Os machos sub-adultos têm o pêlo do ventre branco e brilhante.

O esquilo-vermelho habita em grandes florestas de coníferas, em parques e jardins, sendo menos abundante em pequenos bosques de coníferas ou de madeira dura como as faias, carvalhos e aveleiras. Os seus ninhos são esféricos com cerca de 30 cm de diâmetro e habitualmente encontram-se acima dos 6 metros de altura, sendo constituído por galhos e forrado com musgo e erva. Os esquilos nidificam nos troncos das árvores, nos seus ramos ou em trocos ocos, e em arbustos, podendo usar inclusive vários ninhos. É por isso um trepador extraordinariamente hábil, possuindo umas unhas muito afiadas e arqueadas que lhes permitem agarrar-se às árvores.


O esquilo-vermelho é uma espécie diurna, que emerge normalmente 30 minutos antes do nascer do sol sendo o pico de maior actividade entre as 3-4 horas depois do nascer-do-sol e as 2-3 horas antes do anoitecer no Verão. 
Ao contrário de outros animais que hibernam verdadeiramente, o esquilo-vermelho apenas entra em letargia invernal, onde durante esse período, reduz consideravelmente a sua actividade podendo dormir dias e dias, quando as condições climatéricas são mais adversas.
Os machos e as fêmeas de esquilo-vermelho têm domínios vitais de idênticas dimensões, coincidindo especialmente no inverno onde estes são mais extensos. Enquanto os domínios dos machos e das fêmeas se sobrepõem ao acaso, as fêmeas tendem a ficar mais espaçadas, podendo haver hierarquização entre elas. Por vezes podem partilhar abrigos, principalmente em climas mais frios. Geralmente o nível de agressividade entre indivíduos é baixo.

O esquilo-vermelho possui um olfacto bastante apurado que usa para procurar alimento, principalmente para encontrar as sementes e nozes que esconde profundamente durante o Outono. Como não as consegue encontrar a todas, contribui para a propagação dessas sementes no bosque onde se encontra. É uma espécie principalmente herbívora, alimentando-se de sementes de coníferas (abeto e pinheiro), bagas e bolotas, fungos, casca e floema das árvores. Ocasionalmente podem comer também vertebrados como restos de aves e esporadicamente os ovos das mesmas.


O pico de reprodução ocorre entre Janeiro-Março, havendo uma ninhada na primavera (Março-Maio) caso haja boas produções de pinhas, caso contrário só no Verão (Julho-Setembro) surgem as primeiras ninhadas. O período de gestação dura 36-42 dias nascendo entre 2 a 5 crias por ninhada, podendo haver por ano 1-2 ninhadas. O esquilo atinge a maturidade sexual aos 10-12 meses e a fêmea só se encontra receptiva por um dia. Os juvenis iniciam a sua primeira actividade fora do ninho às 7-8 semanas e tornam-se independentes às 10-16 semanas. Os cuidados parentais estão única e exclusivamente a cargo da fêmea que mantém o comportamento protector até cerca de 2 semanas após o desmame.


O máximo registado em termos de longevidade para o esquilo-vermelho, em estado selvagem, é de 6-7 anos. As causas de morte incluem acidentes na estrada e desnutrição. Relativamente à predação a marta, algumas aves de rapina, cães e gatos domésticos são os principais predadores desta espécie.


Bibliografia consultada:

MacDonald, D., Barret, P., 1993. Mamíferos de Portugal e Europa. Guias FAPAS, Porto;

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