Espécie do mês de Maio: Cobra-rateira



A cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) é a maior serpente da fauna ibérica, ultrapassando os dois metros de comprimento. Possui uma cabeça estreita, sulcada no dorso e lateralmente e tem olhos grandes e escamas lisas. Possui uma cor castanha-esverdeada com uma grande mancha escura no terço anterior do tronco.


A cobra-rateira é uma serpente robusta, ágil e que pode ser agressiva quando provocada, bufando e podendo morder fortemente. Ao contrário da maioria das serpentes da fauna portuguesa, a cobra-rateira produz um veneno neurotóxico, com o qual paralisa as suas presas. De destacar que a cobra-rateira é opistoglifa, ou seja, tem os dentes inoculadores de veneno localizados na parte posterior das maxilas, não conseguindo injectar o veneno no homem em caso de mordedura, salvo raríssimas excepções, não sendo por isso considerada perigosa.
As presas da cobra-rateira são essencialmente mamíferos como ratos e coelhos, outras serpentes e lagartos e pequenas aves.


A cobra-rateira possui hábitos diurnos e ocorre numa grande variedade de ambientes, desde bosques, matagais mediterrânicos, estepes e campos cerealíferos. Encontra-se por toda a orla mediterrânica com excepção da península Itálica, e para Oriente atinge o Irão. Ocupa toda a Península Ibérica, excepto uma estreita faixa Setentrional, e em Portugal distribui-se amplamente por todo o território, sendo escassa ou mesmo ausente nas zonas de menor altitude da faixa costeira de influência atlântica, entre Leiria e o Porto. Em altitude distribui-se desde o nível do mar até aos 1520 metros na Serra da Estrela distribuindo-se por todo o Parque Natural, onde prefere locais com densa cobertura arbustiva e grandes rochas, que utiliza como refúgio, encontrando-se também, nos silvados, nos taludes de caminhos, bosques abertos e giestais.


A cobra-rateira é ovípara e efectua posturas de três a 18 ovos. Segundo um estudo realizado pelo Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, a respeito desta espécie, pressupõe-se que a cobra-rateira apresenta um amplo período de hibernação, desde meados de Outubro até meados de Março, e possui um ciclo anual unimodal onde metade das observações concentraram-se em Junho, correspondendo a machos durante o período de acasalamento, com um ligeiro aumento das observações desta espécie durante os meses de Setembro a Outubro, devido à eclosão dos ovos e dispersão dos recém-nascidos.


Relativamente à conservação desta espécie de serpente, a cobra-rateira está classificada como Pouco preocupante (LC), pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, e apesar de muitos exemplares acabarem por morrer atropelados e serem mortos deliberadamente pelo homem, as suas populações podem considerar-se estáveis na maior parte do país.


De destacar ainda que a maior parte das serpentes da fauna ibérica, com excepção das víboras, são áglifas, que significa que os dentes são maciços e não possuem glândulas produtoras de veneno, sendo portanto consideradas como não venenosas e não constituindo nenhum perigo para o homem.


Bibliografia:

Crespo, E. e Lesparre, D. 2008. A herpetofauna do Parque natural da Serra da Estrela. CISE. Seia.
Loureiro, A., Almeida, N.,Carretero, M., Paulo,O. 2008. Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidasde,I.P.
Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. Livro vermelho dos vertebrados de Portugal. Acedido em 20 de Maio de 2013, em: http://www.icnf.pt/portal/naturaclas/patrinatur












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