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I Semana do Mocho-galego


Depois da Semana Nacional do Mocho-galego (Athene noctua) que decorreu em vários pontos do país, o CERVAS, Projecto BARN e ALDEIA apresentam a I Semana do Mocho-galego.

Esta semana temática, a realizar-se entre os dias 5 e 10 de Novembro de 2010, vai ter lugar em diferentes localidades e tem como principais actividades a devolução à natureza de mochos-galego que estiveram em recuperação no CERVAS e se encontram neste momento aptos a regressar aos seus habitats naturais. Para além disso, irão também ser realizadas acções de educação ambiental com o objectivo de sensibilizar as populações locais para a importância destas aves e para o trabalho realizado nos centros de recuperação, bem como uma palestra sobre a biologia e conservação desta espécie.
Nesta palestra irão ser também apresentados os resultados obtidos com o trabalho realizado em 2008/2009 com esta espécie no âmbito do Projecto BARN. Este projecto tem como objectivo detectar locais de presença e de nidificação de aves de rapina nocturnas no concelho de Gouveia, tendo sido o mocho-galego uma das espécies alvo deste estudo. Esta espécie distribui-se pela área de estudo de uma forma mais ou menos regular, tendo sido a espécie mais detectada (69 territórios), estimando-se a existência de 225 casais.


As actividades que irão decorrer durante a I Semana do Mocho-galego são as seguintes:

05 de Novembro, Sexta-feira

15:30 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Mortágua
Ponto de Encontro: Santuário de Nossa Senhora do Chão dos Calvos

16:00 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Ovar
Ponto de Encontro: Sede da Junta de Freguesia de S. Vicente de Pereira

18:00 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Tondela
Ponto de Encontro: Pavilhão Desportivo do Estádio João Cardoso


08 de Novembro- Segunda-feira

16:00 - Devolução à natureza de um mocho-galego na Guarda
Ponto de Encontro: Outeiro de São Miguel, Freguesia de Arrifana

16:30 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Gouveia
Ponto de Encontro: Chafariz do Rossio, Vila Cortês da Serra


09 de Novembro, Terça-feira

17:00 - Palestra “Mocho-galego - Biologia e Conservação”
Auditório da Delegação do Parque Natural da Serra da Estrela


10 de Novembro, Quarta-feira
15:00 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Miranda do Corvo
Ponto de Encontro: Reservatório de Água de Cadaixo, Miranda do Corvo

17:00 - Devolução à natureza de um mocho-galego em Coimbra
Ponto de Encontro: Cemitério de Eiras, Eiras

Espécie do mês de Outubro: Noitibó-cinzento


O noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus) é uma ave de hábitos crepusculares e nocturnos, cujo tamanho varia entre 26-28 cm (75-100g), possuindo umas asas relativamente compridas (57-64 cm). A plumagem padrão castanho e cinzenta, permite que esta ave se torne imperceptível quando repousa sobre um ramo ou no meio da folhagem no chão durante o dia. Os machos distinguem-se por possuírem umas manchas brancas nas três primárias mais externas das asas e nos dois pares de rectrizes mais externas. Estas manchas só são visíveis em voo e a fêmea não as possui. Em voo pode ser confundido com o noitibó-de-nuca-vermelha (Caprimulgus ruficolis), apesar deste ser nitidamente maior (30-32 cm), e também com um cuco ou mesmo com um pequeno falcão.

Encontra-se distribuído e nidifica por todo o continente europeu, Noroeste de África e pela Ásia Central até à China, sendo que se encontra em elevado decréscimo no noroeste da Europa, tendo entrado praticamente em extinção em alguns países. É uma ave migradora, invernando principalmente na África subsariana. Nidifica em Portugal Continental, encontrando-se no nosso país, sensivelmente, desde Abril até Outubro, distribuindo-se por todo território, sendo mais escasso no Sul.


Habita desde zonas oceânicas até zonas continentais, preferindo zonas secas, abertas, bem drenadas, tais como bosques de coníferas e de folhosas não muito densos, clareiras de coníferas ou mistas, charnecas e zonas de cultivo intercaladas. A sua presença também é frequentemente detectada em terrenos ardidos em anos anteriores. Isto poderá acontecer devido à grande disponibilidade de alimento, sendo que a dieta do noitibó-cinzento é constituída essencialmente por insectos, como borboletas nocturnas (Lepidoptera), escaravelhos (Coleoptera) e moscas (Diptera). A captura dos insectos pode ser feita através de voos rasantes ao chão mantendo as asas em “V” aberto, conseguindo mudar de direcção rapidamente. Aproxima-se das suas presas por baixo ou pelo lado, abrindo a boca imediatamente antes de as capturar. Também pode caçar a partir de pousos, capturando 2-3 presas, regressando ao pouso onde as presas são engolidas vivas e inteiras. Caçando a partir de um pouso, o noitibó-cinzento pode capturar cerca de 15 insectos em 15 minutos. Já em voo pode capturar cerca de 12 insectos em cerca de 1 minuto.


A época reprodutora do noitibó-cinzento situa-se entre Maio e Agosto, nidificando em clareiras ou zonas abertas e secas. A postura de 1-2 ovos, raramente 3, é feita directamente no chão ou sobre vegetação rasteira, começando a incubação logo a partir do primeiro ovo, durante 17-18 dias, podendo chegar a 21 dias se o ninho for perturbado. A incubação é feita maioritariamente pela fêmea, sendo substituída pelo macho durante o amanhecer e o crepúsculo. As crias podem abandonar o ninho 16-17 dias depois de nascerem, continuando a ser alimentadas pelos progenitores, sendo capazes de voar com cerca de 32 dias de idade, tornando-se assim independentes.


Na Europa esta espécie apresenta um estatuto de conservação Desfavorável (SPEC 2) e em Portugal o noitibó-cinzento está classificado, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, como Vulnerável, devendo-se à reduzida densidade e declínio continuado da população. Os poucos estudos que existem com esta espécie, apontam como principais causas a perda de habitat, abandono de práticas agrícolas tradicionais, uso de pesticidas e as mudanças climáticas. Outras causas como o atropelamento e a predação por animais domésticos também têm sido apontadas como grandes factores para a continuada diminuição desta espécie. E são estas também algumas das principais causas de entrada desta espécie no CERVAS, sendo que em alguns casos não é possível a sua recuperação devido à gravidade das lesões. Quando as lesões são menos graves e a recuperação possível, o que torna este processo mais complicado é a necessidade de manusear a ave para alimentar, levando à perda de penas devido ao stress. Para que isso não aconteça, toda manipulação da ave deve ser realizada de uma forma muito cuidadosa, aumentando assim a possibilidade de se conseguir devolver a ave à natureza, com a plumagem em excelentes condições. Em 2010 conseguimos recuperar com sucesso e devolver à natureza 2 noitibós-cinzentos, algo que ainda não tinha sido possível em anos anteriores. Isto deveu-se ao facto de se reduzir ao mínimo indispensável as vezes que as aves eram manuseadas, sendo que quando necessário era realizado com extremo cuidado.

Enriquecimento Ambiental e Observação Etológica em Aves de Rapina Nocturnas

No âmbito de estágio profissionalizante da Licenciatura de Biologia pela Universidade de Aveiro desenvolveu-se o estudo comportamental de Strigiformes e a optimização do processo de reabilitação pelo input no bem-estar animal. O enriquecimento ambiental afirma-se como uma nova ferramenta em centros de recuperação e assume-se como o processo dinâmico que objectiva melhorar o ambiente e o cuidado do animal com recurso a estímulos ambientais.

Abordou-se o enriquecimento nas suas componentes: física, alimentar, social e sensorial para promover a expressão e diversidade de comportamentos normais, a redução das fontes de stress e potenciar a utilização positiva das estruturas.

As espécies-alvo foram a coruja-do-mato (Strix aluco), coruja-das-torres (Tyto alba), mocho-galego (Athene noctua) e mocho-d’orelhas (Otus scops), sendo enriquecidos um total de 40 indivíduos.


Figura 1: Exemplo da composição de uma das instalações fisicamente enriquecidas (imagem extraída do sistema de video-vigilância do centro, cedido pela ADT) e composição do enriquecimento alimentar (estímulo: caça de Lepidópteros).


Através dos resultados obtidos foi possível verificar que a actividade predominante no período diurno foi o repouso e durante a noite destacou-se a vigilância em concordância com o sucede na Natureza para as espécies de coruja referidas. Ao nível da preferência de estruturas, observou-se que poleiros com a conformação de caixas de repouso são indicados para as espécies e que as alturas e posições destas estão relacionadas com a noção de segurança e conforto dos indivíduos, ocupando estruturas mais altas e mais afastadas da entrada das instalações. A presença de juvenis na população de adultos conspecíficos mostrou-se útil ao nível de actividades de associação, sendo esta mais representativa nos períodos pré e pós-amanhecer, assim como na gestão logística do centro.


Figura 2: Juvenis de coruja-do-mato na caixa de hacking (enriquecimento social).


No que respeita a estímulos alimentares verificou-se que o mocho-galego mostrou maior sucesso na predação de ratos bem como na captura de insectos comparativamente ao mocho-d’orelhas. O recurso à emissão de chamamentos conspecíficos para estímulo sensorial mostrou-se adequado, sendo possivelmente mais eficaz se efectuado ao longo do processo de recuperação e não apenas reservado ao período de pré-libertação. A observação com recurso à vídeo-vigilância permite obter um amplo volume de dados, sendo de extrema importância no estudo etológico das espécies, bem como na prática quotidiana de vigilância clínica.

O presente estudo visou dar seguimento ao trabalho introdutório de enriquecimento ambiental de Raposeira (2009), contudo centrado em Aves de Rapina Nocturnas. Com este trabalho foi possível ampliar o conhecimento acerca da etologia de Strigiformes em centros de recuperação e inferiu-se uma similaridade da resposta aos estímulos em cativeiro com as escolhas no habitat natural.


Raquel Silva, Bióloga

Libertaçoes: 15 de Outubro de 2010

15 de Outubro de 2010, Sexta-feira
09:30 - Devolução à natureza de um Gavião (Accipiter nisus)
São Paio de Gramaços (Oliveira do Hospital)

Esta ave foi encontrada e recolhida por um particular, que a entregou à Equipa do SEPNA da GNR da Lousã, que por sua vez a encaminhou para o CERVAS. Na altura do seu ingresso apresentava alguns sinais neurológicos compatíveis com trauma e o seu processo de recuperação iniciou-se com terapia de suporte, tendo prosseguido com treinos de voo e de caça, para além do contacto com animais da mesma espécie.


Na sua devolução à Natureza estiveram presentes cerca de 70 pessoas, na sua maioria alunos da Escola Básica do 1º Ciclo e do Jardim de Infância de São Paio de Gramaços, bem como professores e auxiliares destes estabelecimentos de ensino e ainda alguns populares, que baptizaram a ave com o nome de "João Gavião".



11:30 - Devolução à natureza de uma águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)
Casal de Ermio (Lousã)

Esta ave foi encontrada por um particular próxima de um poste da linha de distribuição de energia eléctrica, tendo sido recolhida e transportada até ao CERVAS pela equipa do SEPNA da GNR da Lousã. Apresentava algumas queimaduras resultantes da electrocussão e o seu processo de recuperação consisitiu no tratamento das lesões e em treinos de caça e de voo, bem como no contacto com animais da mesma espécie.


No momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 60 pessoas, na sua maioria alunos, professores e auxiliares da Escola Básica do 1º Ciclo e do Jardim de Infância de Casal de Ermio, bem como representantes da Junta de Freguesia e alguns populares, que baptizaram a ave com o nome de "Súria".


14:00 - Devolução à natureza de um peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus)
Escola Superior Agrária de Coimbra, S. Martinho do Bispo (Coimbra)

Esta ave foi encontrada próxima de um viaduto, em S. Martinho do Bispo, tendo sido recolhida e transportada até ao CERVAS por um particular. Na altura do seu ingresso verificou-se que a ave apresentava um fractura na asa direita, pelo que o seu processo de recuperação envolveu a estabilização e consolidação da fractura, e numa fase posterior, treinos de voo para permitir que a ave recuperasse a sua forma física, para além de treinos de caça e contacto com animais da mesma espécie.


O momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 20 pessoas, professores e alunos da ESAC, que baptizaram a ave com o nome de "Agrária".


15:30 - Devolução à natureza de um peneireiro-vulgar
Barcouço (Mealhada)

Esta ave encontrava-se numa situação de cativeiro ilegal, em casa de um particular, ttendo sido apreendida pela equipa do SEPNA da GNR de Anadia. Posteriormente foi encaminhada para a Reserva Natural do Paúl de Arzila, que procedeu ao seu transporte até ao CERVAS. Na altura do seu ingresso neste centro verificou-se que apresentava alguns sinais ligeiros de domesticação, sendo que o seu processo de recuperação consistiu essencialmente no contacto com animais da mesma espécie, de modo a que a ave recuperasse os comportamentos normais e ainda em treinos de voo e de caça.


Na sua devolução à Natureza estiveram presentes cerca de 120 pessoas, na sua maioria alunos da Escola Básica do 1º Ciclo e do Jardim de Infância de Barcouço, bem como professores e auxiliares destes estabelecimentos de ensino e ainda alguns populares, que baptizaram a ave com o nome de "Sebastião".




16.00h - Devolução à natureza de um peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus)
Estádio Municipal de Oliveira do Bairro

Esta ave encontrava-se numa situação de cativeiro ilegal, em casa de um particular, tendo sido apreendida pela equipa do SEPNA/GNR de Anadia. Posteriormente foi encaminhada para a Reserva Natural do Paúl de Arzila, que procedeu ao seu transporte até ao CERVAS. Na altura do seu ingresso neste centro verificou-se que apresentava alguns sinais ligeiros de domesticação, sendo que o seu processo de recuperação consistiu essencialmente no contacto com animais da mesma espécie, de modo a que a ave recuperasse os comportamentos normais e ainda em treinos de voo e de caça.


A preceder a devolução à natureza desta ave, os técnicos do CERVAS realizaram uma apresentação aos alunos do 9º ano da escola secundária de Oliveira do Bairro, onde estiveram presentes cerca de 40 alunos e alguns professores e se abordaram temas como a contribuição dos centros de recuperação para a educação ambiental e funções dos mesmos.


No momento de devolução à natureza deste peneireiro-vulgar, estiveram presentes cerca de 60 pessoas, na sua maioria alunos e professores da escola secundária de Oliveira do Bairro, o Sr. Comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Bairro e alguns bombeiros, e também representantes de algumas associações locais e alguns populares. A ave foi baptizada de 'Falcão do Cértima'.


IV Semana da Coruja-do-mato: Actividades


De 11 a 15 de Outubro de 2010 decorreu a IV Semana da Coruja-do-mato (Strix aluco) organizada pelo CERVAS, Projecto BARN e ALDEIA. Esta semana temática, que decorreu em várias localidades, tinha como principais actividades a devolução à natureza de várias aves desta espécie, recuperadas no CERVAS, e a realização de palestras, projecção de documentários e oficinas de educação ambiental com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância destes animais e para o trabalho realizado pelos centros de recuperação de fauna selvagem.


11 de Outubro, Segunda-feira

18:00 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Paços da Serra, Gouveia


Esta ave ingressou no CERVAS com lesões provocadas por uma possível colisão com um veículo, tendo sido submetida a uma terapia de suporte de forma a recuperar a sua forma física. Numa fase posterior foi colocada com aves da mesma espécie de forma a não perder comportamentos naturais, tendo sido também submetida a treinos de voo e caça.



No momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 40 pessoas, entre representantes da Junta de Freguesia, alunos e funcionários da E.B.1 de Paços da Serra e populares, tendo estes baptizado a ave de “Estrela”.





18:00 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Mangualde da Serra, Gouveia


Esta ave foi encontrada por um particular caída do ninho, tendo sido encaminhada até ao CERVAS. No centro passou pelo processo de recuperação semelhante ao de outras aves que entram pela mesma causa, ou seja, alimentação adequada para que haja um normal desenvolvimento físico, contacto com aves da mesma espécie de forma a adquirir comportamento típicos. Numa fase final, foi também submetida a treinos de voo e caça.


A devolução à natureza foi realizada na presença de cerca de 30 pessoas, entre representantes da Junta de Freguesia de Mangualde da Serra e população local que baptizaram a ave de “Mangualde”.





12 de Outubro, Terça-feira
17:30 - Palestra “Coruja-do-mato - Biologia e Conservação”
Auditório da Delegação do Parque Natural da Serra da Estrela
, Gouveia


O biólogo André Aguiar realizou uma apresentação sobre alguns aspectos da biologia da coruja-do-mato, desde distribuição ao comportamento reprodutor, mostrando também alguns dos resultados obtidos com o trabalho realizado no âmbito do BARN. Foi também feita uma abordagem sobre alguns factores de ameaça desta espécie, bem como medidas de conservação que poderão ser aplicadas.



13 de Outubro, Quarta-feira
17:15 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Vila Nova (Sobral), Mortágua


Esta ave ingressou no CERVAS com sinais de debilidade apresentando também a plumagem danificada. O seu processo de recuperação passou por uma alimentação adequada para que atingisse uma boa condição corporal. De forma a manter comportamento típicos da espécie na natureza, foi colocada em contacto com aves da mesma espécie, sendo também submetida a treinos de voo e caça. Após finalizar o processo de muda das penas que se encontravam danificadas, a ave encontrava-se apta a ser devolvida à natureza.


No momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 45 pessoas, das quais representantes da C. M. de Mortágua, a Escola de Cães Guias da ABAADV-Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual, a Equipa do SEPNA da GNR de Sta. Comba Dão e alunos e funcionários da E.B.1 de Vila Nova e populares, tendo em conjunto baptizado a ave de “Vila Nova”.





18:30 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Oliveira do Conde, Carregal do Sal


Esta ave foi encontrada por um particular junto de uma estrada, tendo sido encaminhada para o CERVAS pela Equipa do SEPNA de Santa Comba Dão. Apresentava lesões compatíveis com colisão, tendo sido submetida a uma terapia de suporte de forma a recuperar a sua condição física. A partir do momento em que se encontrava fisicamente bem, foi submetida a treinos de voo e caça, bem como colocada em contacto com aves da mesma espécie de forma a manter comportamentos naturais.


No momento de devolução à natureza estiveram presentes cerca de 50 pessoas entre populares locais, representantes da Junta de Freguesia, alunos e funcionários da E.B.1 de Oliveira do Conde e a Equipa do SEPNA da GNR de Sta. Comba Dão. A ave foi baptizada de “Condessa”.





14 de Outubro, Quinta-feira
15:30 - Acção de Educação Ambiental
E.B. 1 de Folgosinho, Gouveia

Foi realizada uma pequena palestra dirigida aos alunos da escola sobre o trabalho realizado nos centros de recuperação, em particular no CERVAS. Foi também feita uma apresentação da espécie que dá nome a esta semana temática, a coruja-do-mato, salientando-se algumas características comuns a outras aves de rapina nocturnas.



18:00 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato

Folgosinho, Gouveia


Esta ave foi encontrada por um particular caída do ninho, tendo sido encaminhada até ao CERVAS. No centro passou pelo processo de recuperação que consistia em alimentação adequada para que haja um normal desenvolvimento da ave, tanto a nível corporal como da plumagem. Foi também colocada em contacto com outras aves de forma a adquirir comportamentos típicos da espécie na natureza. Numa fase final, foi também submetida a treinos de voo e caça.


No momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 60 pessoas entre representantes da Junta de Freguesia local, B. V. de Folgosinho, Associação de Caçadores local, alunos e funcionários da E.B.1 de Folgosinho e populares, tendo a coruja sido baptizada de “Coruja Voadora”.





15 de Outubro, Sexta-feira
18:00 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Campus Universitário de Santiago (Agra do Crasto), Universidade de Aveiro


Esta ave foi encontrada com um trauma por um particular, e foi entregue ao SEPNA/GNR que a encaminhou até ao centro. Apresentava uma ruptura do propatágio fruto do trauma sofrido. O processo de recuperação da ave passou pelo tratamento das lesões e fisioterapia de forma a evitar a fibrose do ligamento. Numa fase posterior a recuperação consistiu numa alimentação adequada, em treinos de voo e de caça e no contacto com animais da mesma espécie.


Esta actividade foi organizada com a colaboração do NEBUAv - Núcleo de Estudantes de Biologia da Universidade de Aveiro e no momento de devolução à natureza desta coruja estiveram presentes cerca de 30 pessoas entre as quais professores, alunos e ex-alunos da Universidade de Aveiro. Esta ave foi devolvida num local onde já se terá confirmado a presença desta espécie e foi baptizada de "Crasto".




Após a devolução à natureza desta coruja-do-mato, a equipa do CERVAS dinamizou uma palestra para os alunos da Universidade de Aveiro, onde se abordou temas como o contributo dos centros de recuperação para a educação ambiental e o trabalho desenvolvido neste centro.


18:00 - Devolução à natureza de uma coruja-do-mato
Melo, Gouveia


Esta ave ingressou no CERVAS com lesões compatíveis a atropelamento. O seu processo de recuperação passou por uma terapia de suporte de forma a recuperar a sua condição física. Numa fase posterior foi colocada em contacto com aves da mesma espécie para não perder comportamentos tipicamente selvagens. Finalmente foi submetida a treinos de voo e caça.


Para assistir à sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 35 populares da freguesia, encontrando-se representada a Junta de Freguesia e os B. V. de Melo. A ave foi baptizada de “D. Melo” e agradecemos a colaboração de Catarina Costa Cabral pela autorização para libertar a ave na sua propriedade.



21:00 - Projecção de um documentário sobre Aves de Rapina Nocturnas
Sede da Junta de Freguesia de Melo, Gouveia

Para finalizar esta semana temática, foi realizada a projecção de um documentário sobre as aves de rapina nocturnas. Neste documentário eram abordados alguns aspectos da biologia destas espécies, aspectos esses que as tornam “os predadores mais sofisticados do mundo”. Durante esta projecção na sede da Junta de Freguesia de Melo estiveram presentes cerca de 25 pessoas, entre os quais o Presidente da Junta de Freguesia, Sérgio Ferreira.


Agradecemos a todos que colaboraram na realização de todas as actividades integradas nesta IV Semana da Coruja-do-mato, em especial às Juntas de Freguesia pelo apoio na divulgação das devoluções à natureza junto das entidades e populações locais.

Workshop: Anatomia e Necrópsia de Aves Selvagens


Entre os dias 8 e 10 de Outubro de 2010 realizou-se em Gouveia o Workshop de Anatomia e Necrópsia de Aves Selvagens, organizado pela ALDEIA /CERVAS, com o objectivo de transmitir informação sobre anatomia comparada neste grupo de aves, tendo sido igualmente abordadas algumas técnicas de exame post-mortem.

Este workshop contou com 23 participantes, tendo a orientação dos formadores Hugo Lopes e Ricardo Brandão.





A organização gostaria de agradecer o apoio do CISE - Centro de Interpretação da Serra da Estrela, Delta Cafés, Águas da Serra da Estrela e restaurante “A Fonte” na realização desta actividade.

Libertação: 11 de Outubro de 2010

11 de Outubro de 2010
19:30 Moimenta da Serra, Gouveia

Libertação de um noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus)


Esta ave foi encontrada por um particular no final do mês de Setembro numa estrada nacional, tendo sido encaminhada até ao CERVAS pela Equipa do SEPNA da GNR da Guarda, apresentando lesões compatíveis com atropelamento. Pelo facto destas lesões não serem muito graves o processo de recuperação acabou por ser relativamente simples e rápido, sendo que a parte mais complicada passava pela alimentação, uma vez que era necessário alimentar na mão de uma forma regular. O que torna este processo complicado é o facto desta espécie perder bastantes penas com o stress e manipulação. Para diminuir essa possibilidade, todo manuseamento da ave foi realizado de um modo bastante cuidadoso, aumentando a possibilidade de se conseguir devolver esta ave à natureza.




No momento da sua devolução estiveram presentes alguns elementos da equipa do CERVAS, tendo a ave sido baptizada de “Póvoas, o Naughty Boy”.


Trauma

O território disponível para as espécies selvagens tende a diminuir e a fragmentar-se devido ao contínuo aumento e diversificação de vias de comunicação e diversos tipos de construções humanas. Por essa razão, aumenta a probabilidade da ocorrência de lesões traumáticas relacionadas com os atropelamentos e as colisões (com janelas, cabos eléctricos, postes, etc.). As lesões resultantes destes traumas são quase sempre fracturas de membros, de maior ou menor gravidade, e com maiores ou menores complicações consoante o tempo que decorre entre o trauma e a altura em que o animal é recebido, devido à contaminação com detritos, bactérias e larvas de moscas.

Mas, por vezes, nem são as fracturas que constituem as principais complicações, mas sim outros problemas que as acompanham, como lesões irreversíveis de diversos órgãos, por exemplo a nível ocular, crânio-encefálico e medular, bem como as luxações ou hemorragias internas. Os traumas derivados de tiros e armadilhas provocam lesões semelhantes, e de difícil recuperação na maior parte dos casos.


Foto: Coruja-do-mato (Strix aluco) recolhida na Figueira da Foz com parésia posterior após trauma por atropelamento.

O trauma pode ter várias origens, no entanto o atropelamento é a causa número um dos ingressos de animais no CERVAS correspondendo a cerca de 20% dos ingressos totais no ano de 2009, a par da queda do ninho. No entanto, fazendo uma análise mais pormenorizada detectamos que no ano de 2009, dos 80 ingressos de animais atropelados apenas um terço chegaram vivos ao centro, e na maior parte das vezes em muito más condições físicas. Dos animais que chegam vivos uma grande parte morre em menos de 48 horas, período crítico para a sua estabilização, e que revela o grau de debilidade e a condição física, e significa que já chegam numa situação muitas vezes irreversível. Durante o ano de 2009 apenas 28% dos animais que ingressaram vivos por atropelamento voltaram a ser devolvidos à natureza.

Considerando os dados do CERVAS as vítimas mais comuns de atropelamento são a herpetofauna, as aves e os mamíferos. No ano de 2010 até ao momento já ingressaram 58 animais vítimas de atropelamento dos quais 10 são anfíbios/répteis, 19 mamíferos e 29 aves. O número de ingressos de anfíbios e répteis está obviamente muito longe da realidade da sua mortalidade nas estradas. A razão pela qual estes animais não chegam ao centro talvez se deva aos mitos associados a eles, em que normalmente existe por parte da população uma certa aversão e desconhecimento perante este grupo.

No caso dos mamíferos a situação é parecida: dos 19 ingressos no centro, 17 desses animais já chegaram mortos, e os outros dois morreram em menos de dois dias o que significa que já vinham em muito mau estado. Normalmente os animais vítimas de atropelamento morrem no momento, e são deixados nas estradas. Esta problemática está à vista de todos, e seria necessária a união de vários esforços no sentido da recolha destes animais, e num contexto mais preventivo, a construção de barreiras que impedissem a entrada destes animais nas estradas, de forma a evitar acidentes como acontecem todos os dias, todos os anos.

Foto: Recepção de um Bufo-real (Bubo bubo) atropelado na auto-estrada A25 na zona da Guarda

Por outro lado o ingresso de mamíferos vivos vitimas de atropelamento é mais raro pois estes animais quando feridos têm a tendência de se esconderem nos seus abrigos o que torna difícil a sua detecção e consequentemente a sua recuperação. A situação das aves é oposta já que usam o voo para se deslocarem, após o trauma caem ao chão e aí ficam, tornando mais fácil a sua detecção e encaminhamento para o centro. Sendo assim, e existindo um esforço no processo de entrega destes animais ao centro, as probabilidades de sucesso na recuperação aumentam. Dos 29 ingressos deste ano de aves, 8 já chegaram mortas, 6 estão em recuperação, 3 foram libertadas e as restantes 12 morreram nas primeiras 48h.

As espécies mais afectadas por atropelamento são na classe dos mamíferos: a raposa (Vulpes vulpes), a gineta (Genetta genetta), o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), o texugo (Meles meles) entre outros; na classe das aves aparece mais comummente o mocho-galego (Athene noctua), o milhafre-preto (Milvus migrans), o noitibó-cinzento (Caprimulgus europaeus) e a coruja-do-mato (Strix aluco). De um modo geral, os hábitos nocturnos dos mamíferos e de algumas destas aves propiciam o atropelamento, já que a falta de luminosidade nas estradas não permite a sua detecção de forma a prevenir o acidente. Por outro lado, algumas aves oportunistas, como é o caso do milhafre-preto, tornam-se vitimas exactamente por procurarem o alimento nas bermas das estradas, onde se encontram animais mortos.

Os traumas por atropelamento por si só já são uma causa de ingresso bastante importante, no entanto devemos também considerar os traumas de origem desconhecida e as colisões contra estruturas ou linhas eléctricas que perfazem um total de 43 animais que ingressaram no centro até à data. 95% Dos animais que sofrem este tipo de traumas são aves, e destes, 75% chegam vivos ao centro. Assim, logo à partida consegue-se perceber que existe uma disparidade entre a gravidade destes traumas e os de atropelamento. No entanto, destes, 31 serão traumas de causa desconhecida e é onde se encontra a melhor taxa de sucesso de recuperação, chegando aos 45%. Já no caso das colisões com linhas eléctricas a taxa de mortalidade atinge os 100%, os animais chegam em muito mau estado morrendo nas primeiras 48 horas, entram com fracturas irrecuperáveis, infecções, muitas vezes já com larvas e muito débeis. Nas colisões com estruturas a taxa de libertação ronda os 50%.


Mapa: Distribuição geográfica por freguesia dos ingressos no CERVAS devido a trauma (incluindo atropelamentos) entre 2006 e 2009.

A minimização dos impactes das estruturas que dão origem a ingressos por trauma nos centros de recuperação é difícil, mas, no sentido de tentar pelo menos recuperar os indivíduos que são encontrados ainda com vida é muito importante fazer a entrega rápida dos animais ao SEPNA-GNR ou directamente nos centros de recuperação. Assim, poderá ser efectuada uma avaliação do estado do animal e instaurado o tratamento possível e necessário dentro do mais curto espaço de tempo possível após o trauma, aumentando assim as possibilidades de sucesso na recuperação.

Infelizmente, o tempo de entrega dos animais nos centros de recuperação continua a ser demasiado longo, principalmente quando a recolha é feita pelas áreas protegidas que os mantém em pólos de recepção que apenas contribuem para um agravamento das lesões, uma vez que não é aí efectuado o diagnóstico e tratamentos adequados, contribuindo ainda para um gasto de tempo e recursos por parte de técnicos e Vigilantes de Natureza, completamente desnecessário. Este é um dos pontos críticos da Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna e que, a ser resolvido no futuro, seguramente levará a um aumento do número de animais selvagens devolvidos à Natureza por parte dos centros de recuperação.