Espécie do mês de Fevereiro: Falcão-peregrino


O falcão-peregrino (Falco peregrinus) é um falconiforme com um aspecto poderoso e compacto. Morfologicamente apresenta o peito amplo, asas largas e pontiagudas e uma cauda relativamente curta. Os indivíduos adultos possuem as partes ventrais esbranquiçadas ou rosadas e as partes dorsais cinzento-azuladas, e a cabeça cinzento-escura com bigodes pretos bem marcados. As fêmeas apresentam uma plumagem semelhante à dos machos, mas normalmente são muito maiores. Os juvenis são mais aprimorados, com plumagem acastanhada e com estrias ventrais largas em vez de finas barras, como apresentam os adultos, e bigodes menos marcados.


O Falcão-peregrino distribui-se de forma descontínua de norte a sul do país, quer no interior quer no litoral, frequentando zonas com escarpas altas, onde instala os seus ninhos. As principais áreas de nidificação do falcão-peregrino situam-se ao longo de toda a costa rochosa com falésias elevadas. Zonas montanhosas ou rios com fragas do interior, como o Parque Nacional da Peneda-Gerês ou Douro Internacional, também albergam uma percentagem significativa da população nacional. Salienta-se uma escassez desta espécie no Alto Tejo, do Rio Sabor ou do rio Côa, locais potencialmente favoráveis à sua presença, tal poderá dever-se à abundância de águias-reais e de águias de Bonelli, espécies que aparentemente o falcão-peregrino parece evitar. Como já foi referido, o falcão-peregrino instala os seus ninhos em escarpas, em edifícios e por vezes em árvores. Em Portugal, os ninhos são instalados em escarpas podendo igualmente aproveitar ninhos de outras espécies construídos em árvores. O processo de nidificação ocorre normalmente entre Março a Julho e as posturas são geralmente compostas por 3 ou 4 ovos e a incubação dura 29 a 32 dias, estando as crias aptas a voar passados dois meses.

As aves que nidificam em Portugal são essencialmente residentes, podendo ser observadas ao longo de todo o ciclo anual. Os que ocorrem com alguma regularidade em áreas onde não nidificam, como acontece no interior alentejano ou em zonas húmidas do litoral, observam-se alguns juvenis em movimentos de dispersão, que provêm da população nacional. Outros são com certeza migradores oriundos de áreas de reprodução mais setentrionais, facto comprovado pela recaptura de aves anilhadas no Reino Unido, França, Alemanha, Polónia, Suécia e na Finlândia. É provável ainda que alguns dos falcões-peregrinos do norte da Europa se encontrem em Portugal apenas de passagem, quando realizam a migração para as zonas de invernada na África Ocidental.


Uma das características deste falcão que o tornam notável é possuir um voo extremamente rápido, podendo atingir velocidades superiores a 300Km/h em voo picado, sobre áreas abertas com matos de montanha e costeiros, arribas sobre o mar, planos de água, pastagens, cultivos cerealíferos e pousios. A sua técnica de caça baseia-se sobretudo na velocidade com que desfere o ataque, dando uso da sua extraordinária velocidade os falcões-peregrinos agarram as suas presas em pleno voo, com a ajuda das garras que são usadas como lâminas, ou simplesmente através do impacto abatem as presas.

O falcão-peregrino possui uma dieta constituída quase exclusivamente por aves. Um estudo realizado em Portugal no Parque Nacional da Peneda-Gerês em 1996 constatou que a ave mais consumida era o pombo, sendo a grande maioria pombos-domésticos, seguindo-se de pequenos passeriformes e ainda morcegos do género pipistrellus. Nas zonas húmidas costeiras nacionais a espécie é frequentemente observada caçando limícolas e patos.


O estatuto de conservação a nível nacional está classificado como vulnerável, apesar de após um período de possível declínio durante as décadas de 1970 e de 1980, a população nidificante parecer estar a aumentar. Entre as muitas ameaças que existem, destacam-se a perseguição humana através do abate a tiro e a utilização de iscos envenenados, a pilhagem de ninho e o roubo de juvenis  para a falcoaria continuam a ser factores importantes que intervêm na diminuição da produtividade das colónias e a electrocussão e colisão com linhas eléctricas.


Como curiosidade é de referir que em todo o mundo são reconhecidas mais de 20 subespécies, sendo que a espécie que reside em Portugal pertence à subespécie Falco peregrinus brookei e que durante o inverno chegam ao nosso país aves que pertencem às subespécies Falco peregrinus peregrinus e Falco peregrinus calidus.


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