Espécie do mês de Abril: Águia-cobreira



A águia-cobreira (Circaetus gallicus), pertencente à família Accipitridae, é uma ave de rapina diurna de médio porte que pode atingir cerca de 63 a 68 cm de comprimento e 170 a 180 cm de envergadura, sendo a fêmea ligeiramente maior que o macho. Quando em voo, esta espécie distingue-se não só por uma coloração branca uniforme listada de preto no ventre e parte inferior das asas, coloração essa que contrasta com a cabeça, rémiges e o peito castanho-escuros, mas também pela cauda com três listras equidistantes. Para além disso, apresenta uma cabeça notoriamente grande e quase desproporcional em relação ao corpo, embora este aspecto nem sempre seja perceptível em voo.
Alimentando-se quase exclusivamente de répteis (sobretudo cobras e lagartos), esta ave frequenta predominantemente habitats com paisagens abertas, agricultura tradicional e pastoreio extensivo, sobretudo devido à abundância de presas que aí encontram, tendendo a passar mais tempo em voo em relação às restantes águias.
Solitária, territorial e monogâmica, a águia-cobreira nidifica em árvores altas e, muito raramente, em rochas ou no solo, ocorrendo a postura de um ovo apenas por volta de Abril/ Maio, após um período de gestação de 45 a 47 dias, sendo a cria nidícola cuidada e alimentada por ambos os progenitores.
Embora não seja colonial, os casais tendem a juntar-se numa mesma área para nidificar, ainda que quando os ninhos se encontram a menos de 2 km de distância, é frequente um dos pares forçar o outro a abandonar o ninho.
Com uma distribuição predominantemente Paleárctica, esta espécie ocorre como nidificante no Sudeste e Sudoeste da Europa, Noroeste de África, Médio Oriente e Ásia. As populações do Paleárctico Ocidental invernam na África sub-sariana, para onde partem em meados de Setembro/ Outubro, ao contrário das populações orientais que invernam no subcontinente indiano. Em Portugal, a águia-cobreira ocorre como nidificante em grande parte do território nacional, sobretudo no Alentejo, em montados de sobro e sobreirais, estando ausente em grande parte do Norte e Centro do país.
Classificada como "Quase Ameaçada", a águia-cobreira encontra na redução da área de pinhal (como consequência de cortes ou de incêndios) a sua principal ameaça, sobretudo devido não só à perda de habitat de nidificação, mas também à redução das populações de presas, encontrando-se igualmente ameaçada por outras alterações do seu habitat, como a intensificação agro-pecuária, as podas severas de áreas extensas ou ainda a rarefacção de pinheiros-bravos de grande porte.

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