Espécie-do-mês de Setembro: Alcaravão




O alcaravão (Burhinus oedicnemus), também conhecido popularmente por galinha-do-mato e pirolé, é uma ave limícola de plumagem acastanhada e críptica, que faz com que seja facilmente confundida com a paisagem envolvente. As patas são amarelas, e o bico é amarelo com a ponta preta. O alcaravão possui também uns olhos caracteristicamente grandes e igualmente amarelos.
Em voo nota-se a ponta das asas pretas com dois pequenos quadrados brancos.



O alcaravão é uma ave essencialmente nocturna e discreta, sendo denunciada muitas vezes pelo seu chamamento assobiado característico, que se faz ouvir à noite ou ao crepúsculo. É uma ave que nidifica em pequeno número nas regiões do interior a norte do Tejo, e em maior número, embora fragmentada, do litoral à raia, a sul deste rio. 
O alcaravão vive em zonas abertas amplas e secas, com poucas ou nenhumas árvores, embora possa ser encontrado em zonas arborizadas desde que pouco densas. Esta espécie parece preferir terrenos incultos e dunas, habitando igualmente em áreas com cultivos de sequeiro, principalmente no inverno, alqueives, montados abertos ou com clareiras, salinas e sapais secos. Esta espécie é mais frequente no Alentejo interior onde predominam vastas áreas de habitat favorável.
Durante o inverno, os alcaravões surgem em bandos em áreas onde não nidificam ou onde só o fazem em pequeno número, sendo este comportamento bastante notório na zona Algarvia (estuário do Alvor e reserva de Castro Marim, na Ria Formosa), onde se juntam várias centenas de indivíduos. De resto a distribuição invernal desta espécie é ainda pouco conhecida.



O período de reprodução do alcaravão inicia-se em Abril e estende-se até Julho, onde o seu característico canto se faz ouvir, ao crepúsculo, nesta época. Sabe-se que a incubação desta espécie dura 24 a 26 dias e as crias começam a voar entre os 36 a 42 dias de idade, sendo possível que os alcaravões criem duas ninhadas por ano.


Quando em Julho termina a época de reprodução, os alcaravões começam a juntar-se em bandos e abandonam os territórios de nidificação. Os bandos formados, mantêm-se até Fevereiro ou maço, época em que se desagregam para formarem novos casais. Possivelmente grande parte dos casais que ocorrem em Portugal são sedentários, mas os seus movimentos não estão ainda bem estudados. Sabe-se que nalgumas regiões litorais, os alcaravões nidificantes desaparecem durante o inverno, enquanto noutras áreas são mais abundantes na estação fria. A população invernante inclui tanto indivíduos nacionais, como migradores provenientes da Europa Ocidental.

A dieta do alcaravão é constituída por invertebrados terrestres, capturados ao crepúsculo e durante a noite. Por vezes o alcaravão também pode ingerir pequenos vertebrados.



Sabia que…
O alcaravão parece estar em declínio no norte e no centro do território nacional? E que o mesmo parece estar a acontecer igualmente em toda a Europa Ocidental!

Bibliografia: 
Catry, P., Costa, H., Elias, G. & Matias, R. 2010. Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. Assírio & Alvim, Lisboa. ISBN: 978-972-37-1494-4.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Espécie do mês de Maio: Cobra-rateira

Espécie do mês de Setembro: Cágado-mediterrânico

Espécie do mês de Junho: Melro-preto

Espécie do mês de Março: Corvo

Espécie do mês de Junho: Ouriço-cacheiro

Espécie do mês de Junho: Víbora-cornuda

Espécie do mês de Abril: Coelho-bravo

Espécie do mês de Março: Morcego-anão

Espécie do mês de Setembro: Cobra-de-água-de-colar

Espécie do mês de Fevereiro: Gavião