Espécie do mês de Dezembro: Fuinha
Existem 11 subespécies da Martes foina, senda que a única que se encontra na Península Ibérica é a Martes foina mediterranea (3).
Estes animais apresentam uma coloração castanha, com uma mancha branca ou acinzentada na garganta, dividida em dois. São muito semelhantes às martas, Martes martes, mas a pelagem da fuinha é mais acinzentada, as patas menos almofadadas e menos peludas, as orelhas mais pequenas e o focinho mais curto. Para além destes aspectos, a mancha das martas é amarelo creme (1).
Os mamíferos são muitas vezes difíceis de visualizar, principalmente porque a maioria apresenta hábitos nocturnos. Alguns indícios de presença de fuinha, que podem ser encontrados no campo são os excrementos, que podem ser encontrados em latrinas ou isolados, com 4-10x1 cm, e que podem conter frutos; e pegadas com a marca de 5 dedos em cada pata (1).
Esta espécie ocorre ao longo de quase toda a Europa e a Ásia central e tem como habitat florestas de folha caduca, orlas de floresta, afloramentos rochosos em habitats montanhosos e paisagens abertas, como áreas agrícolas. No seu habitat natural, pode ser encontrada em cavidades de árvores e fendas em zonas rochosas, podendo ocasionalmente escavar tocas no solo. Também pode frequentar áreas urbanas, podendo neste caso, ser encontrada em pequenos recantos dentro de habitações, como sótãos, garagens, estábulos e celeiros (3).
É uma espécie omnívora e oportunista, que tem preferência por presas de pequenas dimensões. A sua dieta varia de acordo com a estação do ano e com a disponibilidade de presas. Alimentam-se essencialmente de mamíferos de pequenas dimensões, de pequenas aves, ovos e de uma ampla variedade de vertebrados e invertebrados, como sapos e artrópodes. Durante a época de Verão, as fuinhas alimentam-se também de frutos, bagas e alguns vegetais. Em períodos de escassez de alimento podem alimentar-se de cadáveres. Esta espécie, bem como outros mustelídeos, é conhecida pelo seu hábito de assaltar galinheiros e coelheiras e matar mais animais dos que os necessários para se alimentar, podendo ser consideradas uma praga em áreas urbanas (3). Estas fuinhas citadinas caçam muitas vezes em grupos de 4 a 5 animais (1).
A fuinha é estritamente nocturna e é um animal solitário, que comunica com outros indivíduos da espécie essencialmente através do olfacto (marcação de território e época reprodutiva). São muito territoriais, evitando o contacto com outros indivíduos da mesma espécie. Têm uma excelente capacidade olfactiva e visual, que lhes são muito úteis na escuridão. Trepam facilmente e deslocam-se aos saltos, como é típico dos mustelídeos (3). São animais muito curiosos e extremamente versáteis, podendo adaptar-se com muita facilidade a uma grande diversidade de habitats/dietas/climas (1).
Os territórios dos machos (12 a 211 ha) sobrepõem-se aos das fêmeas, permitindo-lhes assim o acesso a potenciais companheiras. O acasalamento ocorre uma vez por ano, entre Junho e Agosto. Apesar do acasalamento ocorrer durante o Verão, a implantação do embrião só ocorre na Primavera seguinte. O tempo total de gravidez varia entre 230 e 275 dias, e a gestação dura aproximadamente um mês (3). As fêmeas normalmente dão à luz entre 3 a 4 crias, no entanto, pode haver 1 a 8 crias por ninhada. O desmame ocorre às 8 semanas, antes da nova época de acasalamento começar (1). As crias nascem cegas e depois do desmame, a mãe ensina-as a caçar. Os juvenis começam a aventurar-se fora do abrigo às 8-10 semanas e acompanham a progenitora durante 2-3 semanas, existindo um contacto vocal muito intenso entre ambos. No final do Verão os juvenis já são independentes e atingem a maturidade sexual entre os 15 e os 27 meses, podendo algumas fêmeas engravidar no final do primeiro ano de vida (3).
A idade média no habitat natural é de cerca de 3 anos, sendo a esperança máxima em estado selvagem de 10 anos. Em cativeiro, esta espécie pode viver mais de 18 anos. As principais causas de morte estão muitas vezes relacionada com o Homem - armadilhagem, caça, elevada taxa de atropelamentos, principalmente no inicio da época de reprodução (1). O atropelamento é a principal causa de ingresso destes animais no CERVAS.
No Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, apresenta um estatuto de Pouco Preocupante (LC - Least Concern), sendo considerada uma espécie não ameaçada. Faz também parte do anexo III da Convenção de Berna (especie parcialmente protegida, sujeita a regulamentação especial) (2).
Bibliografia consultada:
(1) MacDonald, D., Barret, P., 1993. Mamíferos de Portugal e Europa. Guias FAPAS, Porto;
(2) ICN (disponível em: http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/, acedido a última vez a 13.12.2010);
(3) Encyclopededia of live (disponível em: http://www.eol.org/ , acedido a última vez a 13.12.2010).