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A mostrar mensagens de agosto, 2010

Espécie do mês de Agosto: Mocho-galego


O mocho-galego (Athene noctua) é uma ave de rapina nocturna (Strigiforme) de pequeno porte (21-23 cm; envergadura 54-58 cm; 140-200 g) e compacta, com plumagem de cor variável acastanhada com manchas brancas. O disco facial é mais marcado nos indivíduos mais escuros o que, em conjunto com a cor dos olhos amarela e as listas supraciliares brancas que sobressaem no disco facial, lhe conferem uma expressão severa.

Distribui-se pela Eurásia e norte de África, encontrando-se ausente na Escandinávia, Islândia e algumas regiões do Reino Unido, Europa Central e Rússia. Em Portugal encontra-se por todo o território continental, mais comummente na metade sul. Esta espécie é mais frequentemente encontrada em habitats antropogénicos, ocupando diferentes tipologias de habitats, denotando-se a sua plasticidade. Frequentemente, o seu habitat inclui uma grande variedade de campos agrícolas com muros e montes de pedras, plantações de cereais, olivais, vinhas, hortas, sistemas agro-florestais, evitando zonas demasiado húmidas, florestas densas e habitats de alta montanha. Independentemente do tipo de habitat, uma das condições para este ser óptimo é ter alimento suficiente para o casal e descendência, sendo a dieta do Mocho-galego constituída essencialmente por micromamíferos, pequenas aves, répteis, anfíbios, escaravelhos (Coleoptera), gafanhotos (Orthoptera), Dermaptera e minhocas (Lumbricidae).



Apesar desta espécie poder ser observada com relativa facilidade durante o dia (no cimo de chaminés, casas abandonadas e nos postes e linhas tanto dos telefones como eléctricas), o mocho-galego é essencialmente nocturno, caçando desde o ocaso até cerca de 2 horas antes do nascer do sol. Quando disponíveis, o mocho-galego prefere nidificar em cavidades de árvores e em fendas em troncos ou ramos, sendo que na falta destas, ocupa construções humanas como edifícios agrícolas, celeiros, muros de pedra, casas em ruínas, caixas-ninho, bem como montes de pedra e tocas de coelho. O território é defendido durante todo ano, tornando-se esta defesa mais agressiva durante a época reprodutora que se inicia em finais de Janeiro e Fevereiro e poderá ir até finais de Junho. A incubação de 4 ovos, em média, é realizada pela fêmea durante cerca de 27 dias, sendo as crias avistadas fora do ninho a partir dos 21 dias de idade, apesar de só voarem bem com cerca de 40 dias, abandonando o território dos progenitores a partir do início de Setembro até Novembro.


Na Europa, possui um estatuto de conservação Desfavorável (SPEC3) devido ao declínio moderado que as populações desta espécie têm sofrido ao longo das últimas décadas, apesar disso continua a ser considerada a espécie de Strigiforme mais abundante em Portugal. Os principais factores de ameaça são de origem antropológica, como o abandono da agricultura tradicional, colisão com veículos, envenenamento por pesticidas, bem como a redução de presas devido ao uso do mesmo, caça ilegal e pilhagem, diminuição de locais óptimos de nidificação, quedas de ninho e a predação por martas (Martes sp.) e outras aves de rapina, como o bufo-real (Bubo bubo) e a coruja-do-mato (Strix aluco), sendo o seu estatuto de conservação em Portugal considerado Pouco Preocupante pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.


No âmbito do Projecto BARN, em 2008/2009 foi realizado um estudo com o objectivo de detectar locais de presença e de nidificação de aves de rapina nocturnas no concelho de Gouveia, tendo sido o mocho-galego uma das espécies alvo deste estudo. Esta espécie distribui-se pela área de estudo de uma forma mais ou menos regular, tendo sido a espécie mais detectada (69 territórios), estimando-se a existência de 225 casais.

Mapa de distribuição dos territórios de mocho-galego obtidos em 2008/2009 no concelho de Gouveia

Libertações: 26 e 27 de Agosto

26 de Agosto, Quinta-feira
19:00 - Freguesia de São Pedro (Gouveia)
Libertação de um papa-mosca-preto (Ficedula hypoleuca)


Esta ave foi encontrada por um particular, na zona do Curral do Negro, em Gouveia, aparentando incapacidade de voar, tendo sido encaminhada para o CERVAS. O seu processo de recuperação consistiu em alimentação e em testes de voo.


A sua devolução à Natureza decorreu no mesmo local onde foi encontrada, na presença de cerca de 10 pessoas.


27 de Agosto, Sexta-feira
09:30 - Freguesia de Ereira (Montemor-o-Velho)
Libertação de duas cegonhas-brancas (Ciconia ciconia)


A primeira ave foi encontrada por um particular, no quintal de uma habitação na localidade de Formoselha, que a recolheu e entregou à equipa do SEPNA da GNR de Montemor-o-Velho. Posteriormente foi entregue aos funcionários da Reserva Natural do Paul de Arzila, que encaminharam a ave para o CERVAS. Na altura do seu ingresso apresentava lesões compatíveis com colisão contra fios eléctricos, sendo que o processo de recuperação incidiu na resolução dessas mesmas lesões, e numa fase posterior, em contacto com animais da mesma espécie e treinos de voo.


A segunda ave foi encontrada por um funcionário da Reserva Natural do Paul de Arzila, que a recolheu e encaminhou para o CERVAS. Na altura do seu ingresso verificou-se que era um animal muito jovem, que tinha caído do ninho, pelo que o seu processo de recuperação consistiu em alimentação, contacto com animais da mesma espécie e treinos de voo.


Na devolução à Natureza destas aves estiveram presentes cerca de 25 pessoas, entre as quais representantes da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, da Equipa do SEPNA, da comunicação social local e ainda um grupo de utentes da APPACDM, bem como alguns populares, que baptizaram as aves como "Ruca" e "Poupas".

Libertações: 26 de Agosto

26 de Agosto, Quinta-feira
09:30 - Freguesia de Ruivós (Sabugal)
Libertação de uma cegonha-branca (Ciconia ciconia)

Esta ave foi encontrada dentro da povoação de Ruivós após ter caído do ninho, tendo sido recolhida por um particular, tendo a sua entrega no CERVAS sido feita por um vigilante da Reserva Natural da Serra da Malcata. O seu processo de recuperação envolveu alimentação, de modo a assegurar um correcto desenvolvimento corporal e da plumagem de voo, o contacto com outros animais da mesma espécie de modo a que pudesse adquirir os comportamentos típicos da espécie, bem como treinos de voo de modo a poder fortalecer a sua musculatura.


Na sua devolução à Natureza estiveram presentes cerca de 15 pessoas, entre os quais representantes da Câmara Municipal do Sabugal, da Junta de Freguesia de Ruivós, de orgãos de comunicação social local e de diversos populares. A ave foi apadrinhada por um dos presentes, tendo sido baptizada de "São Gabriel".



11:30 - Freguesia de Freineda (Almeida)
Libertação de uma cegonha-branca

Esta ave ingressou no CERVAS após ter sido encontrada por um particular na localidade de Freineda. A ave terá caído do ninho, tendo sido recolhida e entregue à equipa do SEPNA da GNR de Vilar Formoso, que a encaminhou para o CERVAS. Tal como em outras situações semelhantes, o processo de recuperação deste animal envolveu a alimentação, o contacto com animais da mesma espécie e ainda treinos de voo.

Na sua devolução à Natureza participaram representantes da Junta de Freguesia de Freineda e da Associação de Caçadores que a baptizaram com o nome "Vitória".


14:00 - Freguesia de Vilar Formoso (Almeida)
Libertação de uma cegonha-branca

Esta ave foi encontrada após ter caído do ninho, por um particular que a recolheu, tendo sido posteriormente entregue à equipa do SEPNA de Vilar Formoso, que a encaminhou para o CERVAS. Tal como sucede com todos os animais desta espécie que ingressam por motivo semelhante, o seu processo de recuperação incidiu na alimentação, contacto com outros animais da mesma espécie e treinos de voo.


No momento da sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 10 pessoas, entre as quais representantes da Junta de Freguesia de Vilar Formoso, da Escola Básica do 2º e 3º Ciclo e alguns populares, que baptizaram a ave com o nome de "Formosa".

I Semana do Mocho-d'orelhas


Após a realização de uma série de semanas temáticas de aves de rapina nocturnas e diurnas (águia-d'asa-redonda,coruja-do-mato, coruja-das-torres e mocho-galego), o CERVAS vem por este meio convidá-lo a participar na I Semana do mocho-d'orelhas, a realizar entre 30 de Agosto e 3 de Setembro de 2010.

Esta semana temática, a realizar em várias localidades, tem como principais actividades a devolução à Natureza de várias aves desta espécie, recuperadas no CERVAS, e a realização de palestras e oficinas de educação ambiental, com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância destes animais e para o trabalho realizado pelos centros de recuperação de fauna selvagem.

As oficinas e palestras de educação ambiental consistem em breves apresentações sobre as rapinas nocturnas em geral e o mocho-d'orelhas em particular (com imagens, sons e vídeos) e a exposição e realização de pequenos jogos com material biológico (penas, ossos, regurgitações, etc.). Serão também apresentados os trabalhos desenvolvidos no CERVAS.

Um dos dos projectos em desenvolvimento pelo CERVAS é o BARN — Conservação e Estudo da Distribuição e Ecologia de Aves de Rapina Nocturnas, que está a ser desenvolvido numa primeira fase no concelho de Gouveia e que tem como objectivos principais identificar e monitorizar os locais de presença e nidificação de aves de rapina nocturnas, bem como potenciar a reprodução e fixação destas espécies através da colocação de caixas-ninho. Durante o trabalho realizado em 2008/2009, o mocho-d'orelhas foi a segunda espécie mais detectada no concelho de Gouveia, encontrando-se regularmente distribuído pela área de estudo, mesmo em áreas de maior altitude, notando-se uma aparente tendência para se agruparem em pequenos núcleos.

As actividades que irão decorrer na I Semana do mocho-d'orelhas serão as seguintes:


Dia 30 de Agosto - Segunda-feira - Aldeia da Serra (S. Pedro,) Celorico da Beira
19:00 - Devolução à Natureza de 3 mochos-d'orelhas

Ponto de Encontro: Igreja do Espírito Santo da Aldeia da Serra


Dia 31 de Agosto - Terça-feira - Gouveia
15:00 - Monitorização de caixas-ninho para mocho-d'orelhas

Ponto de Encontro: Delegação de Gouveia do PNSE (Parque Natural da Serra da Estrela)


Dia 1 de Setembro - Quarta-feira - Gouveia
18:00 - Palestra "Mocho-d'orelhas - Biologia e Conservação"

Ponto de Encontro: Auditório da Delegação de Gouveia do PNSE


Dia 2 de Setembro - Quinta-feira - Manteigas
15:00 - Monitorização de caixas-ninho para mocho-d'orelhas

Ponto de Encontro: Câmara Municipal de Manteigas


Dia 3 de Setembro - Sexta-feira - Vila Nova de Tazem, Gouveia
19:00 - Devolução à Natureza de 3 mochos-d'orelhas

Ponto de Encontro: Capela de Sto. António

Quitridiomicose no Parque Natural da Serra da Estrela

O CERVAS tem colaborado desde Agosto de 2009 num estudo relacionado com o possível declínio de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans) no Parque Natural da Serra da Estrela (Sistema Central, Portugal) causado por quitridiomicose.

Legenda: sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)
Autor: José Conde

Os autores deste trabalho, Ibone Anza, José C. Conde, Filipe Martins, Pedro L. Moreira e Jaime Bosch, do CERVAS / ALDEIA, Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), Centro de Biologia Ambiental (DBA/FCUL) e Museo Nacional de Ciencias Naturales (CSIC, Madrid, Espanha) irão apresentar o trabalho no XI Congresso Luso-Espanhol de Herpetología / XV Congreso Español de Herpetología que terá lugar em Sevilha de 6 a 9 de Outubro de 2010.

Legenda: postura de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)
Autor: José Conde

A quitridiomicose é uma doença emergente produzida pelo fungo patogénico Batrachotridium dendrobatidis que afecta anfíbios em todo o mundo, sobretudo em zonas tropicais e em alta montanha. Esta patologia foi descrita em 1998 e é, em grande medida, responsável pelo declínio generalizado de anfíbios, tendo já causado a extinção de algumas populações e inclusivamente de espécies. Na Península Ibérica, o surto melhor documentado ocorreu no Parque Natural de Peñalara (Madrid), entre os anos de 1997 e 1999, onde foram detectadas mortalidades massivas de exemplares recém-metamorfoseados de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans), que desapareceu de 86% das lagoas onde anteriormente se reproduzia.

Legenda: lagoa do Covão do Quelhas, Parque Natural da Serra da Estrela
Autor: António Brandão

A serra da Estrela, localizada no Centro de Portugal, encontra-se na sua quase totalidade dentro dos limites do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e constitui o extremo ocidental do Sistema Central, que também integra Peñalara. Em finais de Agosto de 2009, encontrámos 11 indivíduos recém-metamorfoseados mortos numa das suas lagoas, lagoa do Covão do Quelhas, situada a 1820 metros de altitude.

Dada a similitude desta descoberta com o caso descrito em Peñalara, suspeitou-se que os espécimes recolhidos poderiam estar infectados pelo fungo, tendo sido analisados através da técnica RT-PCR, no Museo Nacional de Ciencias Naturales de Madrid, com resultados positivos. Considerando a ameaça desta patologia para as populações de sapo-parteiro, iniciámos, em Abril de 2010, uma amostragem com o intuito de conhecer a sua prevalência e impacto no PNSE.

Legenda: recolha de amostras no Parque Natural da Serra da Estrela
Autor: José Pereira

Com base em trabalhos anteriores sobre a abundância de anfíbios no PNSE, detectou-se um declínio, não quantificado, de sapo-parteiro-comum na área, prevendo-se de acordo com a experiência de Peñalara que este decréscimo poderá ser, ainda, mais significativo.

Incêndios ameaçaram o CERVAS

Os incêndios que afectaram o Parque Natural da Serra da Estrela durante o mês de Agosto também ameaçaram o CERVAS durante a noite de 15 para 16 deste mês. A actuação rápida e eficaz dos Bombeiros Voluntários de Melo, com colaboração de técnicos e Sapadores Florestais da Câmara Municipal de Gouveia e de alguns particulares e elementos do CERVAS foi decisiva para que a área de trabalho do centro não tivesse sido afectada.

Foto: Área ardida em redor das instalações do CERVAS

Nenhum dos cerca de 80 animais em recuperação foi afectado, embora o fumo resultante do incêndio tenha provocado alguns problemas. O CERVAS gostaria de deixar um sincero agradecimento a todas as entidades e pessoas que estiveram envolvidas nas operações, deixando um destaque especial ao Nuno Carvalho pelo alerta e por todas as sugestões e empenho no ataque ao fogo.

Libertações: 16 e 17 de Agosto de 2010

16 de Agosto, Segunda-feira
09:30 – Freguesia de Santiago (Seia)
Libertação de uma águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)

Esta ave foi encontrada e recolhida por um particular, que a entregou no CERVAS. Os sintomas e lesões que apresentava na altura do seu ingresso eram compatíveis com um trauma, possivelmente resultado de uma colisão, estando também bastante debilitada. O seu processo de recuperação envolveu o tratamento das lesões, e a alimentação, de modo a que a ave pudesse recuperar a sua condição física. Numa fase posterior, foi submetida a treinos de voo e de caça, para além do contacto com animais da mesma espécie.


No momento da sua libertação estiveram presentes cerca de 10 pessoas, que baptizaram a ave com o nome da localidade onde decorreu esta devolução a natureza, “Santiago”.


10:00 - Freguesia de Freixiosa (Mangualde)
Libertação de uma águia-calçada (Aquila pennata)

Esta ave foi recolhida por um particular, após ter sido encontrada junto a uma estrada, vítima de atropelamento, tendo sido posteriormente entregue ao SEPNA de Mangualde, que a encaminhou para o CERVAS. Apresentava uma paralisia dos membros posteriores, resultado do trauma, e o seu processo de recuperação consistiu em terapia de suporte, fisioterapia e, numa fase posterior, contacto com animais da mesma espécie, bem como treinos de voo e de caça.


Na sua devolução a natureza estiveram presentes representantes do Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal de Mangualde, da Junta de Freguesia de Freixiosa e membros da equipa do CERVAS.


11:30 - Freguesia de São Martinho da Cortiça (Arganil)
Libertação de uma águia-de-asa-redonda

Esta ave foi encontrada por um vigilante da Paisagem Protegida da Serra do Açor, após a mesma ter fugido de cativeiro. Apresentava as penas de voo cortadas de forma intencional e sinais de domesticação. O seu processo de recuperação incidiu essencialmente no contacto com animais da mesma espécie, de modo a reverter os sinais de domesticação, ao mesmo tempo que se permitiu que a muda das penas danificadas ocorresse de forma natural.


No momento da sua libertação estiveram presentes cerca de 40 pessoas, entre as quais representantes da Junta de Freguesia, de diversas associações locais e de vários populares, que baptizaram a ave com o nome “Martinho”.



12:00 - Freguesia de Tonda (Tondela)
Libertação de um milhafre-preto (Milvus migrans)

Esta ave foi encontrada por um particular, após a mesma ter caído do ninho. Foi recolhida e entregue à equipa do SEPNA da GNR de Santa Comba Dão, que a encaminhou para o CERVAS. O seu processo de recuperação consistiu na alimentação para que pudesse apresentar um normal desenvolvimento corporal e da plumagem de voo, bem como treinos de voo e caça e o contacto com animais a mesma espécie.


No momento de devolução à natureza desta ave selvagem estiveram presentes 8 pessoas, que puderam conhecer melhor a biologia e morfologia desta espécie. A ave foi baptizada de 'Tondeiro'.


14:00 - Freguesia de Almaça (Mortágua)
Libertação de um milhafre-preto

Esta ave foi encontrada próxima do IP3, tendo sido vitima de atropelamento. Foi recolhida pela equipa do SEPNA de Santa Comba Dão, que a encaminhou para o CERVAS. Apesar de se encontrar em estado de choque, não apresentava qualquer fractura ou lesão externa, daí que o seu processo de recuperação tenha incidido, numa fase inicial, na alimentação e em terapia de suporte. Posteriormente, foi colocada em contacto com animais da mesma espécie, tendo sido também submetida a treinos de caça e de voo.


Na sua devolução a natureza estiveram presentes representantes da equipa do SEPNA da GNR de Santa Comba Dão e da Associação de Caçadores e Pescadores de Mortágua.


17 de Agosto, Segunda-feira
18:30 – Curral do Negro, Gouveia
Libertação de uma fuinha (Martes foina)

Este animal foi recolhido por funcionários da Câmara Municipal de Gouveia, quando era bastante jovem. O seu processo de recuperação no CERVAS consistiu sobretudo na alimentação, de modo a assegurar um correcto crescimento e desenvolvimento do animal e em treinos de caça.


A sua devolução a natureza decorreu num local adequado a esta espécie, na presença da equipa técnica e de voluntarios do CERVAS.

Libertaçoes: 12 de Agosto de 2010

12 de Agosto, Quinta-feira
09:00- Vale Madeira, Pinhel
Libertação de uma águia-de-asa-redonda (Buteo buteo)

Esta ave foi vítima de uma tentativa de abate ilegal, tendo sido encontrada por um particular e entregue à equipa do SEPNA de Vilar Formoso, que a encaminhou para o CERVAS. Na altura do seu ingresso neste centro, verificou-se que tinha uma fractura no metacarpo esquerdo, resultante do disparo. O seu processo de recuperação consistiu no tratamento das lesões, bem como em treinos de voo e de caça, e ainda no contacto com animais da mesma espécie.


No momento da sua devolução a natureza estiveram presentes cerca de 30 pessoas, entre as quais representantes da Junta de Freguesia de Vale Madeira, comunicação social local, Associação de Caçadores e diversos populares, que apadrinharam e baptizaram a ave com o nome de “Tobias”.


11:30 - Batocas, Aldeia da Ribeira, Sabugal
Libertação de uma águia-de-asa-redonda

Esta ave foi encontrada após a queda do ninho, durante o abate de árvores, tendo sido recolhida por um particular que a entregou à equipa do SEPNA da GNR da Guarda. Foi encaminhada para o CERVAS, onde se iniciou o seu processo de recuperação que consistiu em alimentação, de modo a que pudesse ter um desenvolvimento normal, para além de ter sido submetida a treinos de voo e de caça, e de ter estado em contacto com animais da mesma espécie, de modo a assegurar uma correcta aprendizagem dos comportamentos típicos.


Na sua devolução a natureza estiveram presentes cerca de 20 pessoas, entre as quais representantes da Câmara Municipal do Sabugal e comunicação social local, para alem de alguns populares, que baptizaram a ave com o nome “Batoquinhas”.


14:00 - Freguesia de Castelo Bom, Almeida
Libertação de uma águia-de-asa-redonda

Esta ave foi encontrada por um particular após ter sido atropelada, tendo sido entregue à equipa do SEPNA da GNR da Guarda, que a encaminhou para o CERVAS. Apresentava sintomas neurólogicos compatíveis com o atropelamento, e o seu processo de recuperação envolveu o tratamento das lesões, fisioterapia e, numa fase posterior, o contacto com animais da mesma espécie, bem como treinos de caça e de voo.


Na sua devolução a natureza participaram cerca de 30 pessoas, entre as quais representantes da Junta de Freguesia e de associações locais e de vários populares que baptizaram a ave com o nome de “Muralha".


15:00 - Miradouro da Sra. do Espinheiro, Seia
Libertação de uma águia-de-asa-redonda


Esta ave foi encontrada por um particular, após a mesma ter caído do ninho. O seu processo de recuperação no CERVAS seguiu todos os passos típicos na recuperação de animais juvenis, envolvendo a alimentação de modo a assegurar o normal desenvolvimento corporal e da plumagem, treinos de voo e de caça e ainda o contacto com animais da mesma espécie de modo a que pudesse adquirir os comportamentos típicos.

Na sua devolução a natureza participaram cerca de 70 pessoas, na sua maioria crianças e jovens. Esta libertação foi realizada em parceria com o ICNB, no ambito de uma acçao comemorativa do Ano Internacional da Biodiversidade.

16:00 - Figueira de Castelo Rodrigo
Libertação de uma águia-de-asa-redonda

Esta ave foi encontrada por um particular que recolheu a ave e a entregou a um técnico do Parque Natural do Douro Internacional. A ave chegou ao CERVAS por intermédio da equipa do SEPNA da GNR de Vilar Formoso. As lesões que apresentava indicavam a existência de um trauma, ainda que a sua origem fosse desconhecida, pelo que o processo de recuperação consistiu no tratamento das mesmas, em treinos de voo e de caça e ainda no contacto com animais da mesma espécie.


Na sua devolução a natureza participaram cerca de 20 pessoas, na sua maioria participantes do Curso de Identificação, Biologia e Conservação de Aves de Rapina, promovido pela ALDEIA.

Monitorização de Caixas-ninho

Na semana anterior, no dia 3 de Agosto de 2010, foi realizada uma saída de campo para monitorização de algumas das caixas-ninho que foram colocadas no final do ano passado ou já no início deste ano para aves de rapina nocturnas. Estas colocações foram realizadas no âmbito do Projecto BARN – Conservação e Estudo da Distribuição de Aves de Rapina Nocturnas, tendo sido colocadas caixas-ninho para coruja-das-torres (Tyto alba), mocho-galego (Athene noctua) e mocho-d’orelhas (Otus scops). Nesta primeira saída de campo foram apenas monitorizadas caixas-ninho das duas primeiras espécies referidas (Fig. 1 e 2), sendo que será realizada uma segunda saída para monitorizar as caixas-ninho de mocho-d’orelhas.

Figura 1: Monitorização de uma caixa-ninho para mocho-galego


Figura 2: Monitorização de uma caixa-ninho para coruja-das-torres


Das cinco caixas monitorizadas (4 de mocho-galego e 1 de coruja-das-torres) apenas uma estava ocupada, a de coruja-das-torres que está situada na Quinta do Convento de S. Francisco, em S. Julião, Gouveia. Nenhuma das caixas-ninho de mocho-galego (Fig. 3) foi aparentemente ocupada por esta espécie. Uma destas caixas foi alvo de tentativa de nidificação por parte de duas espécies (Fig. 4) sendo que uma das tentativas poderia pertencer a uma carriça (Troglodytes troglodytes) e a outra a um turdídeo florestal, p.e. tordo-comum (Turdus philomelos).


Figura 3: Caixa-ninho para mocho-galego


Figura 4: Tentativa de ocupação de uma caixa-ninho para mocho-galego por outras espécies


A única caixa-ninho ocupada era dirigida para coruja-das-torres (Fig. 5), tendo sido ocupada por esta espécie. A caixa foi colocada em Janeiro de 2010, sendo que em finais de Maio foi detectada actividade dentro da mesma pelos proprietários e funcionários da Quinta do Convento de S. Francisco. Nessa altura foi feita uma primeira monitorização, sem inspecção da caixa, tendo sido detectado um adulto a entrar na caixa com alimento, por mais do que uma vez. No início de Julho foi feita uma segunda monitorização, já com inspecção da caixa-ninho (com devida autorização), na qual foram encontradas 4 crias que se encontravam fisicamente em boas condições, tendo sido nesse mesmo dia anilhadas (Fig. 6 e 7). Através destas anilhas, cujo código associado é único no mundo, irá ser possível obter informações sobre a vida destas aves, em particular sobre a dispersão, caso sejam recapturadas. Nesta última monitorização, no dia 3 de Agosto, as crias de coruja-da-torres já não se encontravam na caixa, supondo-se que poderão tê-la abandonado na última quinzena de Julho. Podemos então estimar que a postura foi realizada cerca de 2 meses após a colocação da caixa, em finais de Março de 2010, tendo as crias nascido em inícios de Maio. Neste momento, os juvenis ainda poderão ser detectados junto da caixa-ninho e em redor da Quinta do Convento de S. Francisco, sendo que em breve irão seguir o processo natural da sua dispersão em busca de um território para se estabelecerem.


Figura 5: Caixa-ninho para coruja-das-torres



Figura 6: Interior de uma caixa-ninho para coruja-das-torres com 4 crias


Figura 7: Anilhagem de uma cria de coruja-das-torres

O CERVAS na III Feira do Associativismo do Concelho de Gouveia

O CERVAS e a Associação ALDEIA estiveram representados na 3ª edição da Feira do Associativismo, inserida nos festejos da Cidade e que decorreu entre os dias 6 e 9 de Agosto.


Para além do stand, que contou com a presença permanente de técnicos do CERVAS, e que foi essencialmente um ponto de sensibilização para a importância da conservação da fauna selvagem e de divulgação dos diversos projectos do CERVAS e das diversas actividades promovidas pela ALDEIA, foram organizadas algumas actividades: passeios de contemplação dos valores naturais da cidade de Gouveia, visitas ao CERVAS, palestra sobre o funcionamento deste centro e ainda a devolução à Natureza de um animal selvagem recuperado no CERVAS.



Este evento foi organizado pelo Projecto Gouveia em Desenvolvimento, contando com a presença de perto de 3 dezenas de expositores, de diversas áreas de actividade.


Libertação: 6 de Agosto de 2010

6 de Agosto de 2010
Libertação de um mocho-galego (Athene noctua)
19:30 - S. Pedro, Gouveia

Após ter sido encontrada em finais de Maio por um particular caída do ninho, com pouco mais de uma semana de idade, esta ave foi encaminhada até ao CERVAS através da Equipa do SEPNA da GNR. No centro passou por todo o processo de recuperação comum a outras aves que dão entrada no CERVAS pela mesma causa, que consistiu numa alimentação adequada para que haja um normal desenvolvimento corporal e da plumagem, sendo que nos primeiros dias a cria teve ainda que ser alimentada à mão. Uma das principais preocupações com aves que dão entrada no centro com tão poucos dias é evitar a domesticação, sendo por isso necessário reduzir ao indespensável o contacto visual com as crias. Para além disso são depois colocadas junto de aves da mesma espécie para que adquiram comportamentos naturais. Numa fase final do processo de recuperação são submetidas a treinos de voo e caça de forma a ficarem aptas para serem devolvidas à natureza.




Durante o momento da devolução à natureza desta ave estiveram presentes cerca de 15 pessoas, entre representantes da Junta de Freguesia de S. Pedro, da empresa municipal D.L.C.G. e habitantes locais e turistas de passagem. Contamos também com a presença de elementos da banda Blind Zero, tendo o mocho-galego sido devolvido à natureza pelo vocalista Miguel Guedes. A ave foi baptizada de "Luna", inspirado no novo álbum da banda, Luna Park.