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A mostrar mensagens de outubro, 2009

II Semana do Mocho-galego: 9 a 16 de Novembro de 2009

Espécie do mês de Outubro: Peneireiro-vulgar


O Peneireiro (Falco tinnunculus) é uma ave de rapina diurna de pequeno porte, que atinge de comprimento 32-38 cm e envergadura de 68-78 cm. O seu peso varia entre as 125 e as 325 gramas, sendo a fêmea maior do que o macho. É um falcão esbelto com asas compridas e pontiagudas e cauda longa.

Esta espécie apresenta um grande dimorfismo sexual, ou seja, apresentam características externas que permitem distinguir os sexos.: têm uma plumagem diferente, embora ambos os sexos apresentam um pequeno “bigode” preto. Os machos caracterizam-se pela cor castanho-avermelhada no dorso e supra-alares (com pequenos pontos escuros), rémiges castanho escuras, cabeça e cauda cinzento azuladas e nesta, uma barra terminal larga e preta. A fêmea, como os juvenis, tem partes superiores castanho avermelhadas e cauda com pronunciadas barras preto acastanhadas.

Esta espécie é residente em Portugal Continental e Ilha da Madeira, mas distribui-se também pelo resto da Europa, Ásia, África até ao Cabo da Boa Esperança.
É um pequeno falcão que habita em campos abertos e de cultivo, urzais, bosques (excepto bosques muito frondosos), áreas de salgueiros ou vidoeiros e que nidifica frequentemente em ninhos velhos de outras aves, em árvores ou cavidades rochosas, encontrando-se também em plena cidade.

O Peneireiro ocupa os ninhos abandonados, ou aproveita buracos existentes em árvores ou rochas, e até mesmo as fendas e vãos das paredes de grande edifícios.



O período de incubação é de 27-30 dias sendo a postura normalmente em Abril/Maio com um total de 4 ou 5 ovos, sendo estes incubados pela fêmea. As crias são alimentadas por ambos os progenitores e o seu primeiro voo é aos 28-30 dias. Este falcão possui a capacidade de “peneirar” devido a um ritmado batimento das asas, o que lhe permite detectar assim as suas presas.

A
presenta um estatuto de conservação definido pelo ICNB como Pouco Preocupante. Entre as principais ameaças, evidenciam-se os rodenticidas e insecticidas, a captura ilegal e também a mecanização da agricultura.

Libertações: 21 e 22 de Outubro de 2009

21 de Outubro de 2009, Quarta-feira
Libertação de um Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus)
10h45 - Tibaldinho, Mangualde


Esta ave foi apreendida em Agosto de 2009 pelo EPNA de Elvas, a um particular que a mantinha em cativeiro ilegal. Este animal apresentava lesões graves nos membros posteriores, provocadas pelas condições em que se encontrava. O processo de recuperação consistiu no tratamento das lesões, contacto com aves da mesma espécie para que adquirisse os comportamentos próprios e treinos de voo e caça.



Na libertação estiveram presentes cerca de 35 pessoas, na sua maioria crianças, professores e auxiliares do Jardim de Infância e da Escola Básica do 1º Ciclo de Tibaldinhos, mas também representantes do Agrupamento de Escolas de Mangualde, da Junta de Freguesia de Alcafache, da Equipa de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR de Mangualde, assim como alguns populares. A ave foi baptizada pelas crianças com o nome de "Tibas". Esta acção foi seguida de uma breve apresentação junto das crianças.



22 de Outubro de 2009, Quinta-feira
Libertação de um Milhafre-real (Milvus milvus)
10h00 - Vilar Formoso


Esta ave tinha sido atropelada por um camião numa auto-estrada no início de Setembro, tendo sido recolhida de imediato pelo condutor do veículo, ainda em território espanhol, e encaminhada para os elementos do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR de Vilar Formoso, que por sua vez a entregaram aos cuidados do CERVAS, em Gouveia. Apesar do trauma, o milhafre não apresentava qualquer fractura mas encontrava-se magro e debilitado. O processo de recuperação foi rápido e consistiu na recuperação da condição física e treino de voo em instalações adequadas para a espécie.





A devolução à Natureza desta ave foi realizada pelos representantes do Clube de Caça e Pesca de Vilar Formoso, tendo estado presentes o Presidente da Junta de Freguesia e Médica Veterinária Municipal, bem como um grupo de crianças e professores da EB 2,3 que baptizaram a ave com o nome de “Vilar”.


Libertação de um Grifo (Gyps fulvus)
12h00 - Almofala, Figueira de Castelo Rodrigo

Esta ave ingressou no CERVAS após ter sido encontrada pelos Bombeiros Voluntários de Pinhel e recolhida pelo Parque Natural do Douro Internacional. Encontrava-se bastante desnutrida e debilitada. Durante o seu processo de recuperação foi alimentada para que adquirisse o peso adequado, colocada em contacto com aves da mesma espécie e submetida a treinos de voo.


O grifo foi devolvido à Natureza no Santuário de Santo André das Arribas, com a participação de representantes da Corporação de Bombeiros responsável pela recolha do animal. A ave foi baptizada de "Desertor".

Manutenção e limpeza das instalações do CERVAS

Durante o mês de Outubro foi realizada uma actividade de limpeza geral de instalações e corte de mato nas instalações do CERVAS. Esta acção só foi possível graças ao envolvimento da ADRUSE - Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela e dos formadores e formandos do curso de formação de Técnicos de Recursos Florestais e Ambientais, promovido por esta associação. Esta instituição deu assim um grande contributo para melhorar as condições de trabalho dos técnicos do CERVAS, garantindo a segurança das instalações e facilitando o acesso às diversas áreas de trabalho deste centro, uma estrutura do PNSE/ICNB, sob gestão da Associação ALDEIA. Os trabalhos foram desenvolvidos com muita animação e saudável convívio entre todos os participantes. Esta acção reflecte o envolvimento existente entre este centro e a ADRUSE e futuramente serão desenvolvidas outras actividades conjuntas.

Libertação: 17 de Outubro de 2009

17 de Outubro de 2009, Sábado

Libertação de um Peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus)
9h45, CISE - Seia


Esta acção foi realizada em colaboração com a organização do Cine'Eco 2009, com o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e com o CISE, e antecedeu a conferência de abertura deste festival.





Estiveram presentes cerca de 45 pessoas, que baptizaram a ave de "Seia".

Seminário: Conversas d'ALDEIA


No dia 17 de Outubro realizaram-se as Conversas d'ALDEIA, um seminário interno do CERVAS, no âmbito do protocolo de colaboração com o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro.



Foram convidados docentes universitários das Universidades de Aveiro e Coimbra que colaborarão nos próximos trabalhos de investigação a desenvolver no CERVAS a partir do final de 2009 e foram apresentados os estudos desenvolvidos no período 2008-2009.



Após as comunicações orais apresentadas durante a manhã, foram realizadas diversas reuniões técnicas de trabalho no CERVAS, durante a tarde, nas quais foram definidos planos de trabalho dos diversos estagiários e investigadores que colaborarão com o centro durante o ano.


Protocolo de Cooperação Pedagógica entre o Agrupamento de Escolas de Gouveia e a Associação ALDEIA

A 15 de Setembro de 2009 foi estabelecida uma parceria pedagógica para o ano lectivo 2009/2010 entre o Agrupamento de Escolas de Gouveia e a Associação ALDEIA que abre a possibilidade de alunos da Escola Básica do 2º Ciclo de Gouveia frequentarem actividades relacionadas com a conservação da Natureza desenvolvidas no CERVAS. O objectivo é o reforço da formação académica, pessoal, social e orientação profissional dos alunos. A ALDEIA passou também a estar representada no Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Gouveia.



Saída de Campo: As aves do Noroeste da Serra da Estrela

No passado dia 4 de Outubro, realizou-se uma saída de campo inserida no Fim-de-semana Europeu de Observação de Aves. Esta acção contou com 10 participantes.

Foram observadas as seguintes espécies, num total de 41:
Águia-d’asa-redonda Buteo buteo
Peneireiro-vulgar Falco tinnunculus
Pombo-torcaz Columba palumbus
Rola-turca Streptopelia decaocto
Rola-brava Streptopelia turtur
Guarda-rios Alcedo atthis
Peto-verde Picus viridis
Cotovia-de-poupa Galerida cristata
Cotovia-dos-bosques Lullula arborea
Andorinha-dos-beirais Delichon urbica
Alvéola-cinzenta Motacilla cinerea
Alvéola-branca Motacilla alba
Melro-d’água Cinclus cinclus
Carriça Troglodytes troglodytes
Pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula
Rabirruivo Phoenicurus ochruros
Cartaxo-nortenho Saxicola rubetra
Cartaxo Saxicola torquata
Melro Turdus merula
Tordoveia Turdus viscivorus
Toutinegra-dos-valados Sylvia melanocephala
Toutinegra-de-barrete Sylvia atricapilla
Estrelinha-real Regulus ignicapillus
Chapim-rabilongo Aegithalos caudatus
Chapim-carvoeiro Parus ater
Chapim-azul Parus caeruleus
Chapim-real Parus major
Trepadeira-azul Sitta europaea
Trepadeira Certhia brachydactyla
Picanço-real Lanius meridionalis
Gaio Garrulus glandarius
Charneco Cyanopica cyana
Gralha-preta Corvus corone
Estorninho-malhado Sturnus vulgaris
Estorninho-preto Sturnus unicolor
Pardal Passer domesticus
Tentilhão Fringilla coelebs
Verdilhão Carduelis chloris
Pintassilgo Carduelis carduelis
Pintarroxo Carduelis cannabina


Espécie do mês de Setembro: Grifo


O grifo (Gyps fulvus) é uma ave de rapina diurna de grandes dimensões, com uma envergadura que pode atingir os 2,65m, e essencialmente bicolor (penas de voo e cauda mais escuras e corpo e restantes penas das asas mais claras). Possui asas largas com “dedos” muito compridos, cauda curta e arredondada e cabeça de cor pálida e de difícil observação durante o voo. O adulto apresenta uma gola de penas esbranquiçadas em torno do pescoço e bico amarelado enquanto que o juvenil possui uma gola castanha clara e um bico cinzento.

Grifo (Gyps fulvus) juvenil

Plana em círculos e desliza com frequência, surgindo em bandos dispersos e confinando-se aos cumes das montanhas. No nosso país, o seu habitat de nidificação corresponde exclusivamente a escarpas rochosas de grande dimensão. Faz o ninho em saliências ou pequenas cavernas nas escarpas e raramente em árvores, reutilizando o ninho em anos consecutivos. O seu habitat de alimentação corresponde a campos desarborizados onde se realiza aproveitamento pecuário extensivo. Por vezes realiza movimentos migratórios para explorar zonas de alimentação. Necessita de uma ampla extensão de correntes de ar ascendentes ou térmicas e procura frequentemente cursos de água para se banhar e beber. Na dormida, é comunal (dormem em pequenas comunidades) e nocturno em grupos desagregados, podendo formar dormitórios em árvores.

Grifo (Gyps fulvus) em voo

A população de grifos em Portugal encontra-se confinada aos vales do Douro superior, e seus afluentes, e do Tejo (troço internacional) e seus afluentes, havendo também alguns casais na Serra de S. Mamede e na zona de Barrancos. Esta ave apresenta hábitos necrófagos (alimenta-se dos tecidos macios – músculos e vísceras – de mamíferos de médio e grande porte). Detecta os cadáveres através da visão, muitas vezes pelo movimento de outras aves, no solo ou no ar. Para reprodução, é uma espécie colonial e ambos os progenitores alimentam as crias por regurgitação, crias estas que são nidícolas (eclodem do ovo sem estar completamente desenvolvidas, sem penas). O período de nidificação decorre entre Dezembro e Agosto.

Mapa da distribuição dos ingressos (por freguesia), no CERVAS, de Gyps fulvus, registados entre 2006 e 2009 e dos principais rios de Portugal continental.

As principais ameaças a esta espécie são: uso de iscos envenenados para captura de predadores de espécies pecuárias, redução da disponibilidade trófica devido ao cumprimento das exigências higieno-sanitárias, diminuição do aproveitamento pecuário extensivo, a modernização agrícola, a perturbação humana, a colisão e electrocussão, a degradação de habitats, a perseguição humana e a construção de parques eólicos.
Em 2005, o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade atribuiu-lhe o estatuto de “Quase ameaçado”.

Poderá encontrar mais informações sobre o Grifo e outros abutres nesta Reportagem RTP.