O tartaranhão-ruivo-dos-pauis (Circus aeruginosus), também conhecido popularmente por Águia-sapeira, é uma espécie que ocorre no nosso país como residente, embora hajam indivíduos que ocorram como migradores de passagem.
As principais características morfológicas que permitem identificar o tartaranhão-ruivo-dos-pauis são as asas e patas compridas e uma cabeça curta. A fêmea é diferente do macho, apresentando este as asas acinzentadas com a ponta escura, com a cauda também cinzenta, e a fêmea apresenta um padrão castanho-escuro mais uniforme. Em ambos, os ombros e a nuca são mais pálidos que o restante corpo.
O tartaranhão-ruivo-dos-pauis apresenta um voo ondulado característico, quando paira a pequena altura sobre a vegetação rasteira e densa que muitas vezes permite a sua identificação em voo.
Esta espécie distribui-se no nosso país de norte a sul, ocorrendo essencialmente nas zonas húmidas situadas ao longo da faixa costeira, em áreas com vegetação palustre bem desenvolvida, em estuários, lagoas costeiras, pauis e açudes. Para caçar, frequenta normalmente caniçais, sapais, arrozais, assim como outros terrenos agrícolas e pastagens.
A população nidificante desta espécie em Portugal, aparentemente é sedentária, embora não hajam dados que comprovem esta hipótese. Parece haver igualmente um afluxo de aves com origem em altitudes mais elevadas principalmente durante o período de passagem e no Inverno.
A nidificação desta espécie ocorre sobretudo em caniçais, podendo ocorrer menos frequentemente, em povoamentos palustres de estrutura semelhante. A construção dos ninhos inicia-se em princípios de Março, embora os voos nupciais possam ser observados a partir de Fevereiro. O tartaranhão-ruivo-dos-pauis pode nidificar isoladamente ou de forma semicolonial. As posturas são compostas por 3 a 8 ovos e a incubação dura entre 31 e 38 dias. As crias estão aptas para voar ao fim de 35-40 dias, altura em que o macho abandona ficando as crias a cargo da progenitora por mais 15 ou 25 dias.
O tartaranhão-ruivo-dos-pauis alimenta-se de uma grande variedade de pequenos animais terrestres e aquáticos, que vão sendo consumidos consoante a sua disponibilidade e facilidade de captura. As presas preferenciais são roedores e crias de aves, embora esta espécie possa consumir igualmente restos de animais mortos, insectos, anfíbios, repteis e peixes.
Fica a nota que o tartaranhão-ruivo-dos-pauis é uma ave bastante especializada no que concerne ao seu habitat e, portanto, sensível às alterações provocadas pela intervenção humana.
Bibliografia:
- Catry, P., Costa, H., Elias, G. & Matias, R. 2010. Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. Assírio & Alvim, Lisboa. ISBN: 978-972-37-1494-4.
- Bruun B., Svensson H. 2002. Aves de Portugal e Europa. Guias FAPAS. ISNB:972-95951-0-0