Quitridiomicose no Parque Natural da Serra da Estrela

O CERVAS tem colaborado desde Agosto de 2009 num estudo relacionado com o possível declínio de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans) no Parque Natural da Serra da Estrela (Sistema Central, Portugal) causado por quitridiomicose.

Legenda: sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)
Autor: José Conde

Os autores deste trabalho, Ibone Anza, José C. Conde, Filipe Martins, Pedro L. Moreira e Jaime Bosch, do CERVAS / ALDEIA, Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), Centro de Biologia Ambiental (DBA/FCUL) e Museo Nacional de Ciencias Naturales (CSIC, Madrid, Espanha) irão apresentar o trabalho no XI Congresso Luso-Espanhol de Herpetología / XV Congreso Español de Herpetología que terá lugar em Sevilha de 6 a 9 de Outubro de 2010.

Legenda: postura de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)
Autor: José Conde

A quitridiomicose é uma doença emergente produzida pelo fungo patogénico Batrachotridium dendrobatidis que afecta anfíbios em todo o mundo, sobretudo em zonas tropicais e em alta montanha. Esta patologia foi descrita em 1998 e é, em grande medida, responsável pelo declínio generalizado de anfíbios, tendo já causado a extinção de algumas populações e inclusivamente de espécies. Na Península Ibérica, o surto melhor documentado ocorreu no Parque Natural de Peñalara (Madrid), entre os anos de 1997 e 1999, onde foram detectadas mortalidades massivas de exemplares recém-metamorfoseados de sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans), que desapareceu de 86% das lagoas onde anteriormente se reproduzia.

Legenda: lagoa do Covão do Quelhas, Parque Natural da Serra da Estrela
Autor: António Brandão

A serra da Estrela, localizada no Centro de Portugal, encontra-se na sua quase totalidade dentro dos limites do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e constitui o extremo ocidental do Sistema Central, que também integra Peñalara. Em finais de Agosto de 2009, encontrámos 11 indivíduos recém-metamorfoseados mortos numa das suas lagoas, lagoa do Covão do Quelhas, situada a 1820 metros de altitude.

Dada a similitude desta descoberta com o caso descrito em Peñalara, suspeitou-se que os espécimes recolhidos poderiam estar infectados pelo fungo, tendo sido analisados através da técnica RT-PCR, no Museo Nacional de Ciencias Naturales de Madrid, com resultados positivos. Considerando a ameaça desta patologia para as populações de sapo-parteiro, iniciámos, em Abril de 2010, uma amostragem com o intuito de conhecer a sua prevalência e impacto no PNSE.

Legenda: recolha de amostras no Parque Natural da Serra da Estrela
Autor: José Pereira

Com base em trabalhos anteriores sobre a abundância de anfíbios no PNSE, detectou-se um declínio, não quantificado, de sapo-parteiro-comum na área, prevendo-se de acordo com a experiência de Peñalara que este decréscimo poderá ser, ainda, mais significativo.

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