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Devolução à Natureza de 17 andorinhões


Entre 5 de Julho e 9 de Outubro de 2013 o CERVAS devolveu à Natureza 17 andorinhões, sendo 11 deles andorinhões-pretos (Apus apus) e 6 andorinhões-pálidos (Apus pallidus).


O número de ingressos de andorinhões (apodiformes) aumentou relativamente aos anos anteriores, o que poderá estar relacionado com um crescente conhecimento por parte da população da região Centro sobre o que fazer quando encontram animais selvagens feridos. O número de animais libertados correspondeu a 65,4% do total de ingressos vivos.


A causa de ingresso da maior parte dos andorinhões foi a queda do ninho, correspondendo a cerca de 80% dos casos. Nestas situações, como os animais não conseguem voar por não terem a plumagem desenvolvida, e por não se conseguirem alimentar de forma independente, a entrega imediata num centro de recuperação é a melhor opção, sempre que isso for possível.


Quando as crias de andorinhões apenas chegam a um centro de recuperação depois de ficarem em casa de particulares durante alguns dias, com um maneio e alimentação menos adequados, a recuperação torna-se mais difícil. 


O maneio realizado no CERVAS baseia-se na colocação das aves em vários grupos em função das idades e do estado de desenvolvimento da plumagem e é dada alimentação com tenébrios, complementada com outros alimentos nalgumas fases da recuperação, sendo as refeições dadas 4 a 6 vezes por dia, dependendo do estado e ganho de peso de cada indivíduo.


As devoluções à Natureza foram quase todas feitas num ponto alto de Gouveia, no jardim/miradouro do Paixotão, por aí existirem grandes colónias de ambas as espécies de andorinhões e as condições para libertar as aves serem excelentes.







As acções foram realizadas com diversos grupos de pessoas, como turistas, habitantes locais ou voluntários do CERVAS, envolvendo nalguns casos algumas entidades, e no total cerca de 130 pessoas puderam presenciar a libertação das 17 aves. 





Para mais informações sobre recuperação de andorinhões, consultar:

http://www.falciotnegre.com/
http://www.apusapus.net/
http://www.asapus.org/ 
http://www.chimneyswifts.org/

Fim de Semana Europeu de Observação de Aves na Serra da Estrela


Nos dias 5 e 6 de Outubro de 2013 decorreram saídas de campo na Serra da Estrela integradas no Fim de Semana Europeu de Observação de Aves.


Este evento foi coordenado a nível Europeu pela Birdlife e em Portugal pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). O Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE) e a Associação ALDEIA / CERVAS foram os responsáveis pela dinamização dos dois dias de actividades na Serra da Estrela.


No Sábado durante a manhã foram visitados diversos locais no concelho de Seia, nomeadamente a Baixa do Rio Seia e o aeródromo de Pinhanços, onde foi possível observar diversas espécies típicas de zonas agrícolas e florestais das zonas baixas da Serra da Estrela, sendo de destacar a presença de espécies estivais como a codorniz (Coturnix coturnix) e a ógea (Falco subbuteo) e espécies em passagem migratória como é o caso do cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra) ou do papa-moscas-preto (Ficedula hypoleuca).


Durante a tarde foram percorridas a pé e de carro zonas de montanha nos concelhos de Gouveia, Manteigas e Covilhã, nomeadamente o Vale do Rossim, Penhas Douradas, Vale do Zêzere e Alto da Pedrice. 


No primeiro desses locais, após o almoço e acção de devolução à Natureza de uma águia-cobreira promovida pelo CERVAS, foi possível registar a ocorrência de uma espécie invernante, o tentilhão-montez (Fringilla montifringilla) que se alimentava de bagas de tramazeiras, na companhia de dezenas de tentilhões-comuns (Fringilla coelebs).


Ao final da tarde, para além das aves existentes, foi possível complementar a saída com temáticas relacionadas com a paisagem característica da Serra da Estrela e ainda outros grupos de fauna, como é o caso dos insectos, elementos de grande importância para perceber comportamentos e estratégias mnigratórias das diversas espécies de aves que ocorrem na área protegida.


No Domingo durante a manhã foram visitados alguns locais próximos do rio Mondego no concelho de Gouveia, nomeadamente Arcozelo, Ribamondego, Ponte Nova e Vila Franca da Serra, e foi possível fazer interessantes observações de espécies em passagem migratória como a alvéola-amarela (Motacilla flava) a alimentar-se em campos agrícolas, uma espécie pouco comum na região, espécies estivais como a águia-cobreira (Circaetus gallicus) e até algumas consideradas invernantes na zona, como é o caso da garça-real (Ardea cinerea).


De tarde foram percorridos locais do concelho de Celorico da Beira, como Vale da Ribeira e Linhares da Beira, onde se puderam observar mais algumas espécies em migração, como foi o caso do papa-moscas-cinzento (Muscicapa striata).


Esta actividade contou com a participação de 17 pessoas no 1º dia e 20 no 2º e foi possível registar 66 espécies de aves.


Devolução à Natureza de uma águia-cobreira no Vale do Rossim.


No dia 5 de Outubro de 2013 às 15:30 foi devolvida à Natureza uma águia-cobreira (Circaetus gallicus) no Vale do Rossim, em Gouveia.


Esta ave tinha sido encontrada ferida após abate ilegal a tiro e ingressou no CERVAS através da Reserva Natural da Serra da Malcata.


A águia apresentava uma fractura numa das asas que, por estar muito bem alinhada, foi possível recuperar num curto espaço de tempo.


Apesar de normalmente o CERVAS optar por libertar aves migratórias apenas até ao dia 15 de Setembro de cada ano, neste caso foi necessário abrir uma excepção. 


Como foi possível realizar todo o processo de recuperação no espaço de um mês e como a espécie ainda ocorre no território nacional até ao mês de Novembro, considerou-se que a libertação deveria ser feita rapidamente, num local com condições óptimas e onde a espécie é vista frequentemente.


A devolução à Natureza foi realizada durante o primeiro dia de uma saída de campo no âmbito do Fim de Semana Europeu de Observação de Aves, um evento no qual ainda foi possível observar várias espécies de aves de rapina migratórias, como é o caso da própria águia-cobreira mas também da ógea (Falco subbuteo), outra espécie característica da Serra da Estrela.



ALDEIA inicia a sua participação no projecto LIFE MED-WOLF.


No dia 1 de Outubro de 2013 a Associação ALDEIA inicia oficialmente a sua participação no projecto LIFE MED-WOLF. Esta iniciativa está em curso desde Setembro de 2012, com o objectivo de proteger o último dos grandes carnívoros de Portugal, minimizando os conflitos com as populações locais. 

Foto: Artur Oliveira

O Projecto LIFE MED-WOLF representa um esforço conjunto inédito, integrando organizações portuguesas e italianas de natureza agrícola e ambiental, entidades estatais e centros de investigação.O Grupo Lobo é a entidade responsável pela coordenação nacional deste projecto, que conta com a participação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e da Associação ALDEIA. A coordenação do MED-WOLF a nível europeu está a cargo do Instituto de Ecologia Aplicada da Universidade de Roma (La Sapienza), estando ainda envolvidas mais seis entidades Italianas.



As acções da Associação ALDEIA que serão desenvolvidas nos distritos da Guarda e Castelo Branco estão relacionadas com o controlo do uso ilegal de venenos (no âmbito do Programa Antídoto - Portugal) e outras práticas furtivas que podem afectar o lobo e outras espécies protegidas. Para mais informações sobre o projecto pode consultar aqui o sítio oficial na internet.


Espécie do mês de Setembro: Cágado-mediterrânico



O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) é uma das duas espécies de cágado que ocorrem em Portugal e que são autóctones.

Esta espécie possui  um corpo e uma carapaça cinzento esverdeada ou castanho, com manchas claras e difusas. O pescoço e as patas anteriores apresentam linhas alaranjadas que geralmente são mais marcadas nos juvenis. Em ambos os lados da cabeça apresenta uma mancha arredondada de cor amarela ou laranja, que se vai tornando menos visível com a idade. O plastrão, ou fase ventral, possui uma coloração esverdeada ou amarela com manchas pretas distribuídas simetricamente em ambos os lados da linha central. A carapaça é oval e comprimida dorso-ventralmente, tendo uma quilha médio-dorsal proeminente. Possui placas axilares e inguinais bem desenvolvidas e as placas anais são pontiagudas. O cágado-mediterrânico possui extremidades robustas, com escamas distintas e dedos bem diferenciados unidos por membranas interdigitais e com unhas fortes.


Normalmente as fêmeas são maiores que os machos, sendo o plastrão dos machos ligeiramente côncavo, provavelmente para facilitar a cópula, enquanto que o plastrão das fêmeas é plano. Os recém-nascidos têm uma carapaça quase circular com cerca de 20 mm de comprimento, com escamas e quilha bem definidas. A coloração é mais contrastada e intensa comparativamente aos adultos, apresentando linhas amarelas bem marcadas na cauda e pescoço e manchas bem visíveis na carapaça.




O cágado-mediterrânico está presente no Norte de África, Península Ibérica e em algumas áreas do Sul de França. Em Portugal a sua distribuição é contínua a sul do rio Tejo, estendendo-se pelo interior até ao Parque Natural de Montesinho, estando ausente em todas as bacias hidrográficas mais importantes a norte do rio Mondego, excepto nas sub-bacias do rio Douro do interior do país.
O cágado-mediterrânico pode ser observado em cursos de água com correntes fracas, albufeiras, represas e charcos com elevada cobertura de vegetação aquática e insolação das margens. Esta espécie por norma não se encontra em rios e ribeiros de corrente rápida e em zonas de maior altitude acima dos 1000 m.

O cágado-mediterrânico é uma espécie de hábitos diurnos, que pode hibernar nas zonas frias enquanto nas áreas mais quentes do país encontra-se activa durante todo o Inverno. Pode igualmente apresentar períodos de estivação onde se enterra no fundo das massas de água onde vive.



A sua época de reprodução tem início no final da Primavera,( embora possa ocorrer mais cedo nas zonas mais quentes), e no Outono. As cópulas ocorrem frequentemente dentro de água, podendo realizar-se em terra. As posturas ocorrem durante os meses de Junho e Julho, onde a fêmea escava um buraco fora de água com cerca de 6 a 10 cm de profundidade onde enterra entre 1 a 12 ovos. Os machos atingem a maturidade sexual mais cedo, (entre 2 a 4 anos de idade e 85-95 mm de comprimento), que as fêmeas (entre 6 a 7 anos e 138-150 mm de comprimento). Esta espécie apresenta uma longevidade elevada podendo viver até aos 35 anos de idade.

O cágado-mediterrânico possui uma alimentação essencialmente vegetal, constituída também por invertebrados, podendo igualmente incluir peixes e anfíbios.



A captura ilegal de animais desta espécie é um dos factores que pode ameaçar algumas das suas populações. Com efeito, os cágados são capturados para serem vendidos como animais de estimação ou são capturados acidentalmente nas redes de pesca, acabando por morrer por afogamento, ou recolhidos por pessoas que os mantêm em cativeiro ilegalmente. A alteração e destruição do habitat também pode levar à fragmentação ou mesmo ao desaparecimento de algumas populações desta espécie.
Outro factor de ameaça é a introdução de espécies exóticas, nomeadamente da tartaruga-verde (Trachemys scripta) e tartaruga-da-Flórida (Trachemys scripta elegans) que têm maior crescimento e são mais agressivas e oportunistas, competindo com o cágado-mediterrânico pelos recursos.
Para reduzir este impacto pôs-se em marcha o projecto LIFE+ Trachemys, co-financiado pela Comissão Europeia, para o seu desenvolvimento em 17 zonas húmidas da Generalidade Valenciana e Portugal.


Bibliografia:
Guia FAPAS - Anfíbios e Répteis de Portugal

Devolução à Natureza de 1 cágado-mediterrânico em Gouveia


No dia 12 de Setembro de 2013 às 18:30 foi devolvido à Natureza um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) no Rio Mondego, entre Arcozelo e Ribamondego, Gouveia.



Este animal jovem tinha sido encontrado por particulares na via pública e foi entregue à autarquia local que o encaminhou para o Parque Ecológico de Gouveia, que por sua vez o entregou aos cuidados do CERVAS.



Como não foi detectado nenhum problema o tempo de permanência no centro foi de poucos dias, apenas com o objectivo de realizar a avaliação e alimentar o cágado antes de o devolver à Natureza.


O local onde o animal foi libertado é frequentado por muitos cágados da mesma espécie e reúne as condições adequadas para a sua reintegração na Natureza.


Uma das principais causas de ingresso de cágados-mediterrânicos no CERVAS e outros centros de recuperação é o cativeiro ilegal. Se conhecer alguém que tenha algum cágado desta espécie protegida deverá sugerir que o animal seja entregue num centro de recuperação, com o objectivo de ser devolvido à Natureza depois de avaliado e tratado, caso haja necessidade.



Obtenha mais informações sobre a conservação de cágados em Portugal aqui.

Agroviseu apoia o trabalho do CERVAS/ALDEIA


O CERVAS passou a contar recentemente com o apoio da Agroviseu - Comércio Industria e Representações S.A., uma empresa com sede em Viseu e filiais em Castelo Branco e Guarda.


O grupo Agroviseu é uma empresa de distribuição farmacêutica, cuja actividade principal consiste na distribuição de especialidades farmacêuticas humana e veterinária, e cujos valores se baseiam na aplicação de grande parte da sua experiência e conhecimentos na melhoria da saúde, humana e animal, através da prestação de serviços modernos de distribuição e procurando sempre a máxima satisfação dos seus clientes, sempre com grande perseverança e iniciativa. 

Através desta parceria, a Agroviseu dá um excelente e importantíssimo contributo para o trabalho clínico do CERVAS, permitindo assim melhores cuidados veterinários às centenas de animais selvagens que ingressam no centro anualmente.

A Agroviseu junta-se assim ao conjunto de empresas e pessoas que permitem a continuidade  do trabalho do CERVAS, através de apadrinhamentos, donativos e outros apoios contribuindo assim para a recuperação de animais selvagens em Portugal.


Uma das primeiras iniciativas em parceria decorreu no dia 3 de Setembro de 2013, em Campo, Viseu, num local relativamente próximo das instalações da Agroviseu e consistiu na devolução à Natureza de 3 mochos-galegos (Athene noctua) recuperados no CERVAS e futuramente serão organizadas mais acções.

Os nossos sinceros agradecimentos à Agroviseu por esta nova parceria e por toda a atenção disponibilizada e vontade de ajudar!

Devolução à Natureza de 1 mocho-galego em Nespereira


No dia 6 de Setembro de 2013 às 19:30 foi devolvido à Natureza um mocho-galego (Athene noctua) em Nespereira, Gouveia.


Esta ave tinha sido encontrada na berma de uma estrada por uma equipa de bombeiros, provavelmente após atropelamento, e foi encaminhada para o CERVAS através do SEPNA/GNR.


No momento do ingresso no centro o mocho apresentava descoordenação motora e incapacidade de se manter em pé pelo que foi necessário tratamento e repouso durante a fase inicial da recuperação.



Posteriormente, o período de treino de voo e caça foi realizado em contacto com outros mochos-galegos.



Antes da libertação foi realizada uma breve acção de informação sobre aves de rapina nocturnas por parte da estagiária de Biologia da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Sara Carvalho, no último dia do seu período de estágio no CERVAS.



Durante esta acção foram apresentadas as espécies existentes em Portugal, as suas principais características e problemas de conservação, recorrendo ao material de Educação Ambiental do CERVAS.



A libertação foi realizada na periferia da aldeia, junto a campos agrícolas, com vinhas, olivais e pinhal.


O CERVAS agradece a colaboração da Junta Freguesia de Nespereira, pela disponibilização do espaço para a sessão de informação e divulgação, bem como pelo apoio que já tem prestado ao trabalho do centro nos últimos anos.