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A mostrar mensagens de abril, 2010

Espécie do mês de Abril: Águia-cobreira



A águia-cobreira (Circaetus gallicus), pertencente à família Accipitridae, é uma ave de rapina diurna de médio porte que pode atingir cerca de 63 a 68 cm de comprimento e 170 a 180 cm de envergadura, sendo a fêmea ligeiramente maior que o macho. Quando em voo, esta espécie distingue-se não só por uma coloração branca uniforme listada de preto no ventre e parte inferior das asas, coloração essa que contrasta com a cabeça, rémiges e o peito castanho-escuros, mas também pela cauda com três listras equidistantes. Para além disso, apresenta uma cabeça notoriamente grande e quase desproporcional em relação ao corpo, embora este aspecto nem sempre seja perceptível em voo.
Alimentando-se quase exclusivamente de répteis (sobretudo cobras e lagartos), esta ave frequenta predominantemente habitats com paisagens abertas, agricultura tradicional e pastoreio extensivo, sobretudo devido à abundância de presas que aí encontram, tendendo a passar mais tempo em voo em relação às restantes águias.
Solitária, territorial e monogâmica, a águia-cobreira nidifica em árvores altas e, muito raramente, em rochas ou no solo, ocorrendo a postura de um ovo apenas por volta de Abril/ Maio, após um período de gestação de 45 a 47 dias, sendo a cria nidícola cuidada e alimentada por ambos os progenitores.
Embora não seja colonial, os casais tendem a juntar-se numa mesma área para nidificar, ainda que quando os ninhos se encontram a menos de 2 km de distância, é frequente um dos pares forçar o outro a abandonar o ninho.
Com uma distribuição predominantemente Paleárctica, esta espécie ocorre como nidificante no Sudeste e Sudoeste da Europa, Noroeste de África, Médio Oriente e Ásia. As populações do Paleárctico Ocidental invernam na África sub-sariana, para onde partem em meados de Setembro/ Outubro, ao contrário das populações orientais que invernam no subcontinente indiano. Em Portugal, a águia-cobreira ocorre como nidificante em grande parte do território nacional, sobretudo no Alentejo, em montados de sobro e sobreirais, estando ausente em grande parte do Norte e Centro do país.
Classificada como "Quase Ameaçada", a águia-cobreira encontra na redução da área de pinhal (como consequência de cortes ou de incêndios) a sua principal ameaça, sobretudo devido não só à perda de habitat de nidificação, mas também à redução das populações de presas, encontrando-se igualmente ameaçada por outras alterações do seu habitat, como a intensificação agro-pecuária, as podas severas de áreas extensas ou ainda a rarefacção de pinheiros-bravos de grande porte.

Saída de Campo: Introdução à Identificação de Cogumelos Silvestres


Depois do sucesso da 8ª edição do curso de Introdução à Identificação e Conservação de Cogumelos Silvestres, realizado no Parque Natural da Serra da Estrela, decidiu-se organizar um pequeno workshop, com uma componente de campo mais intensa. Com a aproximação da época primaveril, sempre muito apreciada pelos aficionados da micologia, terá lugar em Gouveia, mais uma actividade relacionada com a identificação, conservação e colheita de cogumelos silvestres.

Mais informações aqui!

Libertação: 27 de Abril de 2010

27 de Abril de 2010, Terça-feira
Libertação de uma cegonha-branca (Ciconia ciconia)
15:00 Mata Nacional do Choupal, Coimbra


Esta ave foi recolhida e entregue no CERVAS, no final do mês de Março, após ter sido recolhida pela Equipa do SEPNA da GNR de Montemor-o-Velho, dentro das instalações da Central Termoeléctrica da Figueira da Foz e chegou até este centro por intermédio da Reserva Natural do Paúl de Arzila. Esta ave encontrava-se bastante desnutrida e o seu processo de recuperação envolveu a alimentação para que pudesse alcançar o peso ideal e treinos de voo.



Na sua devolução à natureza estiveram presentes cerca de 20 pessoas, na sua maioria crianças do ensino pré-escolar, mas também representantes do CERVAS, ICNB e GNR-SEPNA que baptizaram a ave de "Faísca".

Esta acção foi realizada em parceria com a Reserva Natural do Paúl de Arzila.

Acções de Educação Ambiental: Concelho de Tondela

O Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, em colaboração com o Departamento de Educação Pré-Escolar do Agrupamento de Escolas de Tondela, desenvolveu um conjunto de acções de educação ambiental nos estabelecimentos de ensino pré-escolar do concelho de Tondela. Estas acções realizaram-se entre os dias 14 e 16 de Abril, em 6 Jardins de Infância e onde participaram cerca de 180 crianças.




Bioacumulação de Mercúrio em Aves Aquáticas

Elementos-chave no funcionamento dos ecossistemas e situados no topo das cadeias tróficas, as aves aquáticas constituem um dos principais grupos de organismos usados como bioindicadores ambientais em ecotoxicologia, nomeadamente na monitorização ambiental de metais pesados tais como o mercúrio. Com uma dieta alimentar frequentemente rica em peixe e crustáceos, as aves aquáticas encontram-se entre as espécies mais expostas a fenómenos de acumulação de mercúrio, tornando-as neste aspecto os componentes mais vulneráveis do ecossistema.


Foi na sequência desta temática que se iniciou recentemente no CERVAS um importante estudo sobre a bioacumulação de mercúrio em aves aquáticas. Realizado no âmbito de um estágio profissionalizante da Licenciatura em Biologia pela Universidade de Aveiro, este estudo visa analisar as quantidades de mercúrio presentes nas diversas espécies de aves que desde 2007 têm passado pelo CERVAS.


Fig.1 – Algumas das espécies avaliadas no estudo de acumulação de mercúrio. A- Cegonha branca (Ciconia ciconia); B- Garça-vermelha (Ardea purpurea); C- Garça-branca (Egretta garzetta); D- Garça real (Ardea cinerea); E- Corvo-marinho (Phalacrocorax carbo). Imagens retiradas do site Aves de Portugal.


O que é a Ecotoxicologia?
Compreendida modernamente como sendo a ciência que relaciona os efeitos nocivos dos agentes químicos nos seres vivos, o termo Ecotoxicologia foi pela primeira vez introduzido na década de sessenta pelo francês René Truhaut que a definiu como sendo "o ramo da toxicologia preocupado com o estudo de efeitos tóxicos causados por poluentes naturais ou sintéticos, sobre quaisquer constituintes dos ecossistemas: animais (incluindo seres humanos), vegetais ou microrganismos, em um contexto integral".

Com o objectivo de compreender e antecipar a via de distribuição dos poluentes no ambiente (bem como quais os efeitos ecológicos por eles provocados), a ecotoxicologia fornece um conjunto de ferramentas indispensáveis na monitorização ambiental dos ecossistemas assumindo, por isso, cada vez mais um papel fundamental na conservação dos ecossistemas naturais.


Mercúrio – uma perspectiva ambiental
Líquido e inodoro à temperatura ambiente, o mercúrio é um metal de cor prateada facilmente acumulável nos ecossistemas, quer por deposição natural quer por acção humana, e com uma toxicidade elevada. Responsável por disfunções no normal funcionamento do sistema nervoso em humanos, insucesso reprodutivo ou mesmo perda da capacidade de voo em aves, o mercúrio existe no ambiente sob diversas formas sendo a mais abundante (e igualmente mais tóxica) o metilmercúrio.

Facilmente absorvível pelos organismos, o metilmercúrio acumula-se nos organismos ao longo da vida quer por ingestão directa (da água, por exemplo) ou através o consumo de outros organismos já contaminados com mercúrio. Esta acumulação torna-se, por isso, um problema na medida em que ao longo do tempo os organismos vão acumulando quantidades cada vez mais elevadas de mercúrio nos seus tecidos, potenciando o desenvolvimento de efeitos tóxicos.


Fig.2-Analisador de Mercúrio (AMA 254 da LECO)


A monitorização ambiental de mercúrio em aves traduz-se, portanto, numa ferramenta de grande utilidade na análise e avaliação do risco ambiental por contaminação de mercúrio. Efectuada em aparelhos próprios (figura 2), esta monitorização de mercúrio nas aves é realizada em quatros estruturas/tecidos diferentes: penas, fígado, sangue ou mesmo embriões consoante o tipo de acumulação que se deseja estudar.

Embriões: Usados para monitorizar a passagem de mercúrio da progenitora para a cria durante o desenvolvimento do feto.

Sangue: Analisado para avaliar acumulações de mercúrio mais recentes, permite monitorizar teores de mercúrio acumulados pela ingestão de comida ou água contaminadas.

Penas: As penas são substituída periodicamente e, durante o crescimento das novas penas, estão acumulam mercúrio. Neste sentido, o seu uso na monitorização deste metal apenas reflecte uma indicação dos teores de mercúrio presentes na ave na altura do desenvolvimento da pena. Por este facto, o uso de penas apenas fornece dados de acumulação até cerca de um ano de idade. É, contudo, uma técnica que causa pouco impacto negativo na ave (stress, etc.) e a sua obtenção para análise é relativamente simples.

Fígado: Apenas analisado após necrópsias de aves mortas, fornece informação mais concreta acerca dos teores de mercúrio acumulados pela ave ao longo da vida. Sendo impossível analisar em material fresco, este necessita de ser previamente liofilizado. Este processo consiste na remoção total de toda a água presente nos tecidos sem que, contudo, a estrutura e composição orgânica o tecido se altere.


Fig.3-Fígado de galinha liofilizado (Nota: Os fígados de frango foram usados para estimar o teor de água presente no fígado fresco das aves. Este procedimento justifica-se pelo facto das amostras armazenadas no CERVAS se encontrarem previamente congeladas e, por isso, o seu conteúdo em água se apresentar já modificado relativamente ao teor normal esperado no tecido fresco).


Com mais de 50 amostras de fígado e sangue já analisadas, resultados interessantes têm sido obtidos tendo-se observado acumulações significativas de mercúrio em várias espécies, especialmente na garça-real e no corvo-marinho. Este estudo prepara-se agora para ser alargado a mais espécies em cooperação com o RIAS, que cederá, entre outras, amostras de quatro espécies de gaivotas para futura análise.


Cátia Santos, estudante finalista da Licenciatura em Biologia

Saída de Campo: As Aves e a Primavera

No passado dia 10 de Abril de 2010 (Sábado), realizou-se uma saída de campo para observação de aves na zona da Serra da Estrela, aproveitando um dia agradável de Primavera. A saída iniciou-se em Gouveia e teve vários pontos de paragem ao longo do percurso, que incluíram uma caminhada pelo Alto do Malhão e ainda pontos de observação na Albufeira do Vale do Rossim e na localidade do Sabugueiro, entre outros. A saída contou com 7 participantes. Foram observadas 33 espécies de aves, entre as quais se podem destacar, o Grifo, a Águia-cobreira, o Tartaranhão-caçador, o Papa-amoras-comum, o Chasco-cinzento e o Melro-das-rochas.


Melro-das-rochas (Monticola saxatilis). Foto de João Brandão.


Cartaxo-comum (Saxicola torquata). Foto de João Brandão


Cia (Emberiza cia). Foto de João Brandão.


Lista das espécies de aves observadas
:
  • Gyps fulvus (Grifo)
  • Circaetus gallicus (Águia-cobreira)
  • Circus pygargus (Tartaranhão-caçador)
  • Falco tinnunculus (Peneireiro-vulgar)
  • Columba palumbus (Pombo-torcaz)
  • Cuculus canorus (Cuco-canoro)
  • Apus apus (Andorinhão-preto)
  • Alauda arvensis (Laverca)
  • Lullula arborea (Cotovia-dos-bosques)
  • Ptyonoprogne rupestris (Andorinha-das-rochas)
  • Motacilla cinerea (Alvéola-cinzenta)
  • Motacilla alba (Alvéola-branca)
  • Garrulus glandarius (Gaio)
  • Corvus corone (Gralha-preta)
  • Troglodytes troglodytes (Carriça)
  • Prunella modularis (Ferreirinha-comum)
  • Sylvia atricapilla (Toutinegra-de-barrete)
  • Sylvia communis (Papa-amoras-comum)
  • Sylvia melanocephala (Toutinegra-de-cabeça-preta)
  • Oenanthe oenanthe (Chasco-cinzento)
  • Saxicola torquata (Cartaxo-comum)
  • Monticola saxatilis (Melro-das-rochas)
  • Phoenicurus ochruros (Rabirruivo-preto)
  • Erithacus rubecula (Pisco-de-peito-ruivo)
  • Turdus merula (Melro-preto)
  • Parus ater (Chapim-carvoeiro)
  • Parus major (Chapim-real)
  • Passer domesticus (Pardal-comum)
  • Fringilla coelebs (Tentilhão-comum)
  • Serinus serinus (Chamariz)
  • Carduelis chloris (Verdilhão-comum)
  • Carduelis carduelis (Pintassilgo)
  • Emberiza cia (Cia)

Mini-Seminário: Conservação de Anfíbios e Répteis em Áreas Protegidas


Auditório da delegação do Parque Natural da Serra da Estrela, Gouveia 20 de Abril - 19:00
O CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens irá organizar um mini-seminário, entitulado "Conversas de Fim de Tarde: Conservação de Anfíbios em Áreas Protegidas", com o orador convidado Jaime Bosch, que irá abordar a problemática da introdução de espécies de anfíbios exóticos e de patologias associadas a esse facto. A participação neste evento é gratuita. As inscrições são limitadas e deverão ser feitas por e-mail para cervas.pnse@gmail.com ou por telefone para 962 714 492.