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A mostrar mensagens de setembro, 2013

Espécie do mês de Setembro: Cágado-mediterrânico



O cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) é uma das duas espécies de cágado que ocorrem em Portugal e que são autóctones.

Esta espécie possui  um corpo e uma carapaça cinzento esverdeada ou castanho, com manchas claras e difusas. O pescoço e as patas anteriores apresentam linhas alaranjadas que geralmente são mais marcadas nos juvenis. Em ambos os lados da cabeça apresenta uma mancha arredondada de cor amarela ou laranja, que se vai tornando menos visível com a idade. O plastrão, ou fase ventral, possui uma coloração esverdeada ou amarela com manchas pretas distribuídas simetricamente em ambos os lados da linha central. A carapaça é oval e comprimida dorso-ventralmente, tendo uma quilha médio-dorsal proeminente. Possui placas axilares e inguinais bem desenvolvidas e as placas anais são pontiagudas. O cágado-mediterrânico possui extremidades robustas, com escamas distintas e dedos bem diferenciados unidos por membranas interdigitais e com unhas fortes.


Normalmente as fêmeas são maiores que os machos, sendo o plastrão dos machos ligeiramente côncavo, provavelmente para facilitar a cópula, enquanto que o plastrão das fêmeas é plano. Os recém-nascidos têm uma carapaça quase circular com cerca de 20 mm de comprimento, com escamas e quilha bem definidas. A coloração é mais contrastada e intensa comparativamente aos adultos, apresentando linhas amarelas bem marcadas na cauda e pescoço e manchas bem visíveis na carapaça.




O cágado-mediterrânico está presente no Norte de África, Península Ibérica e em algumas áreas do Sul de França. Em Portugal a sua distribuição é contínua a sul do rio Tejo, estendendo-se pelo interior até ao Parque Natural de Montesinho, estando ausente em todas as bacias hidrográficas mais importantes a norte do rio Mondego, excepto nas sub-bacias do rio Douro do interior do país.
O cágado-mediterrânico pode ser observado em cursos de água com correntes fracas, albufeiras, represas e charcos com elevada cobertura de vegetação aquática e insolação das margens. Esta espécie por norma não se encontra em rios e ribeiros de corrente rápida e em zonas de maior altitude acima dos 1000 m.

O cágado-mediterrânico é uma espécie de hábitos diurnos, que pode hibernar nas zonas frias enquanto nas áreas mais quentes do país encontra-se activa durante todo o Inverno. Pode igualmente apresentar períodos de estivação onde se enterra no fundo das massas de água onde vive.



A sua época de reprodução tem início no final da Primavera,( embora possa ocorrer mais cedo nas zonas mais quentes), e no Outono. As cópulas ocorrem frequentemente dentro de água, podendo realizar-se em terra. As posturas ocorrem durante os meses de Junho e Julho, onde a fêmea escava um buraco fora de água com cerca de 6 a 10 cm de profundidade onde enterra entre 1 a 12 ovos. Os machos atingem a maturidade sexual mais cedo, (entre 2 a 4 anos de idade e 85-95 mm de comprimento), que as fêmeas (entre 6 a 7 anos e 138-150 mm de comprimento). Esta espécie apresenta uma longevidade elevada podendo viver até aos 35 anos de idade.

O cágado-mediterrânico possui uma alimentação essencialmente vegetal, constituída também por invertebrados, podendo igualmente incluir peixes e anfíbios.



A captura ilegal de animais desta espécie é um dos factores que pode ameaçar algumas das suas populações. Com efeito, os cágados são capturados para serem vendidos como animais de estimação ou são capturados acidentalmente nas redes de pesca, acabando por morrer por afogamento, ou recolhidos por pessoas que os mantêm em cativeiro ilegalmente. A alteração e destruição do habitat também pode levar à fragmentação ou mesmo ao desaparecimento de algumas populações desta espécie.
Outro factor de ameaça é a introdução de espécies exóticas, nomeadamente da tartaruga-verde (Trachemys scripta) e tartaruga-da-Flórida (Trachemys scripta elegans) que têm maior crescimento e são mais agressivas e oportunistas, competindo com o cágado-mediterrânico pelos recursos.
Para reduzir este impacto pôs-se em marcha o projecto LIFE+ Trachemys, co-financiado pela Comissão Europeia, para o seu desenvolvimento em 17 zonas húmidas da Generalidade Valenciana e Portugal.


Bibliografia:
Guia FAPAS - Anfíbios e Répteis de Portugal

Devolução à Natureza de 1 cágado-mediterrânico em Gouveia


No dia 12 de Setembro de 2013 às 18:30 foi devolvido à Natureza um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) no Rio Mondego, entre Arcozelo e Ribamondego, Gouveia.



Este animal jovem tinha sido encontrado por particulares na via pública e foi entregue à autarquia local que o encaminhou para o Parque Ecológico de Gouveia, que por sua vez o entregou aos cuidados do CERVAS.



Como não foi detectado nenhum problema o tempo de permanência no centro foi de poucos dias, apenas com o objectivo de realizar a avaliação e alimentar o cágado antes de o devolver à Natureza.


O local onde o animal foi libertado é frequentado por muitos cágados da mesma espécie e reúne as condições adequadas para a sua reintegração na Natureza.


Uma das principais causas de ingresso de cágados-mediterrânicos no CERVAS e outros centros de recuperação é o cativeiro ilegal. Se conhecer alguém que tenha algum cágado desta espécie protegida deverá sugerir que o animal seja entregue num centro de recuperação, com o objectivo de ser devolvido à Natureza depois de avaliado e tratado, caso haja necessidade.



Obtenha mais informações sobre a conservação de cágados em Portugal aqui.

Agroviseu apoia o trabalho do CERVAS/ALDEIA


O CERVAS passou a contar recentemente com o apoio da Agroviseu - Comércio Industria e Representações S.A., uma empresa com sede em Viseu e filiais em Castelo Branco e Guarda.


O grupo Agroviseu é uma empresa de distribuição farmacêutica, cuja actividade principal consiste na distribuição de especialidades farmacêuticas humana e veterinária, e cujos valores se baseiam na aplicação de grande parte da sua experiência e conhecimentos na melhoria da saúde, humana e animal, através da prestação de serviços modernos de distribuição e procurando sempre a máxima satisfação dos seus clientes, sempre com grande perseverança e iniciativa. 

Através desta parceria, a Agroviseu dá um excelente e importantíssimo contributo para o trabalho clínico do CERVAS, permitindo assim melhores cuidados veterinários às centenas de animais selvagens que ingressam no centro anualmente.

A Agroviseu junta-se assim ao conjunto de empresas e pessoas que permitem a continuidade  do trabalho do CERVAS, através de apadrinhamentos, donativos e outros apoios contribuindo assim para a recuperação de animais selvagens em Portugal.


Uma das primeiras iniciativas em parceria decorreu no dia 3 de Setembro de 2013, em Campo, Viseu, num local relativamente próximo das instalações da Agroviseu e consistiu na devolução à Natureza de 3 mochos-galegos (Athene noctua) recuperados no CERVAS e futuramente serão organizadas mais acções.

Os nossos sinceros agradecimentos à Agroviseu por esta nova parceria e por toda a atenção disponibilizada e vontade de ajudar!

Devolução à Natureza de 1 mocho-galego em Nespereira


No dia 6 de Setembro de 2013 às 19:30 foi devolvido à Natureza um mocho-galego (Athene noctua) em Nespereira, Gouveia.


Esta ave tinha sido encontrada na berma de uma estrada por uma equipa de bombeiros, provavelmente após atropelamento, e foi encaminhada para o CERVAS através do SEPNA/GNR.


No momento do ingresso no centro o mocho apresentava descoordenação motora e incapacidade de se manter em pé pelo que foi necessário tratamento e repouso durante a fase inicial da recuperação.



Posteriormente, o período de treino de voo e caça foi realizado em contacto com outros mochos-galegos.



Antes da libertação foi realizada uma breve acção de informação sobre aves de rapina nocturnas por parte da estagiária de Biologia da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Sara Carvalho, no último dia do seu período de estágio no CERVAS.



Durante esta acção foram apresentadas as espécies existentes em Portugal, as suas principais características e problemas de conservação, recorrendo ao material de Educação Ambiental do CERVAS.



A libertação foi realizada na periferia da aldeia, junto a campos agrícolas, com vinhas, olivais e pinhal.


O CERVAS agradece a colaboração da Junta Freguesia de Nespereira, pela disponibilização do espaço para a sessão de informação e divulgação, bem como pelo apoio que já tem prestado ao trabalho do centro nos últimos anos.



Devolução à Natureza de 2 mochos-galegos em Grada de Anadia e Souselas


No dia 4 de Setembro de 2013 ao final da tarde foram devolvidos à Natureza dois mochos-galegos em Grada de Anadia, Vila Nova de Monsarros (Anadia), e Souselas, Coimbra.



Estas aves tinham sido encontradas junto de estradas quando ainda eram pequenas crias, após queda precoce do ninho, e recolhidas por particulares devido ao risco de serem atropeladas ou predadas.



Em ambos os casos as aves foram encaminhadas para a Reserva Natural do Paul da Arzila através das equipas do SEPNA/GNR de Anadia e Coimbra, respectivamente.



Por não apresentarem lesões no momento em que ingressaram no CERVAS o processo de recuperação passou apenas por fases de socialização e aprendizagem em conjunto com outros mochos-galegos, durante as quais foram realizados treinos de voo e caça.



As devoluções à Natureza foram realizadas nos mesmo locais onde as aves tinham sido encontradas, em zonas de campos agrícolas, com vinhas e olivais, habitats adequados para esta espécie.



Devolução à Natureza de 1 peneireiro-vulgar em Póvoa de Mealhada


No dia 4 de Setembro de 2013 às 16h foi devolvido à Natureza um peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) em Póvoa de Mealhada, Mealhada.


Esta ave tinha sido recolhida por particulares que a encontraram debilitada, junto da IC2, provavelmente após ter sido atropelada.


As pessoas que encontraram a ave encaminharam-na para a Reserva Natural do Paul da Arzila através do SEPNA/GNR de Anadia.


Após o ingresso no CERVAS verificou-se que o animal não tinha lesões graves tendo apenas necessário recuperar a condição física, por estar magro, e posteriormente realizar treinos de voo e caça em conjunto com outros peneireiros-vulgares.



Devolução à Natureza de 2 cegonhas-brancas em Coimbra


No dia 4 de Setembro de 2013 às 14:30 foram devolvidas à Natureza duas cegonhas-brancas (Ciconia ciconia) em Coimbra.


Uma das ave tinha sido encontrada após queda do ninho, com uma fractura num dos dedos de uma pata, e foi encaminhada para o CERVAS através da Reserva Natural do Paul da Arzila, após uma primeira avaliação e tratamento na Escola Universitária Vasco da Gama.



A outra também tinha caído do ninho e foi recolhida por particulares de Meda, que a encaminharam para o CERVAS através do SEPNA/GNR de Pinhel.


A libertação foi realizada numa zona de campos agrícolas, próximos da Mata Nacional do Choupal, onde ainda é possível observar várias dezenas de cegonhas-brancas, o que facilitará a integração destas aves juvenis nesta fase de regresso à Natureza.



Devolução à Natureza de 3 mochos-galegos em Campo, Viseu


No dia 3 de Setembro de 2013 às 19h foram devolvidos à Natureza três mochos-galegos (Athene noctua) em Campo, Viseu.


Estas aves tinha sido encontradas por particulares quando ainda eram pequenas crias e foram encaminhadas para o CERVAS através do SEPNA/GNR de Viseu.


Apesar da queda precoce do ninho nenhuma das aves apresentava lesões e o processo de recuperação foi simples, tendo sido necessário aguardar pelo desenvolvimento da plumagem enquanto as aves estavam em contacto com outros mochos-galegos, para socialização e treino de voo e caça.


A devolução à Natureza foi realizada no local onde uma delas tinha sido encontrada e na presença das pessoas que as recolheram e outros convidados. 


É de referir que nesta acção também foi possível contar com a presença da empresa Agroviseu, que recentemente começou a apoiar o trabalho do CERVAS, ao nível da disponibilização de material e equipamento veterinário.


O CERVAS agradece de uma forma especial ao Sr. António Coutinho, da Agroviseu, pela disponibilidade e interesse da empresa em colaborar com o CERVAS na recuperação da fauna autóctone de Portugal.