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29 de Junho de 2011: Devolução à natureza de uma fuinha

29 de Junho de 2011, Quarta-feira
19.30h - Devolução à natureza de uma fuinha (Martes foina)
Bosque perto do Curral do Negro, Gouveia

Esta fuinha é uma fêmea juvenil que ingressou no CERVAS no dia 23 de Junho vítima de cativeiro acidental. Ela foi encontrada pela população local e estava presa dentro do Vidrão. Após algumas tentativas para recolher este animal, a PSP - Gouveia entrou em contacto com os técnicos do centro que se deslocaram até ao local, na freguesia de São Julião em Gouveia. No local procedeu-se à recolha da fuinha, que correu sem qualquer problema.



Depois da fuinha já estar acondicionada para o seu transporte até ao centro, aproveitou-se o momento para se falar com a população sobre a ecologia e biologia da espécie, sobre as principais ameaças a que a mesma se encontra sujeita, e sobre o trabalho que é desenvolvido pelo CERVAS.


Já nas instalações do centro procedeu-se ao seu exame físico e não se detectou nenhuma lesão, no entanto, a fuinha apresentava-se bastante cansada e ligeiramente desidratada. A fuinha ficou em recuperação cinco dias, onde lhe foi disponibilizado alimento adequado de forma a recuperar uma óptima condição física e também realizou treinos de caça.



A sua devolução à natureza foi num local adequado para a sua sobrevivência, um bosque de carvalhos e castanheiros, com uma linha de água e algumas árvores de fruto. Neste momento estiveram presentes 10 pessoas, entre as quais técnicos e voluntários do centro. A fuinha ficou baptizada de 'Bia'.





Esta espécie já foi escolhida pelo CERVAS - Espécie do Mês de Dezembro de 2010 - fique a conhecer melhor a sua biologia e ecologia seguindo este link.

Saída de Campo: 'Flora da Serra da Estrela'


Mais informações e Inscrições em aldeia.org.

I CONCURSO DE FOTOGRAFIA DO CERVAS

World Flora Fauna – Radio Program no CERVAS

Nos dias 25 e 26 de Junho de 2011, dois Radioamadores, devidamente credenciados pela Anacom, e inseridos no Programa Mundial do WFF (World Flora Fauna) e Diploma dos Parques e Reservas Naturais (DPRN) estiveram no CERVAS.

Legenda: Luis Baptista e Armando Miguel, radioamadores que dinamizaram a acção dedicada ao Parque Natural da Serra da Estrela no CERVAS

Esta acção dedicada à divulgação e promoção do Parque Natural da Serra da Estrela está integrada num programa mais global que consiste na divulgação dos Parques Naturais e Áreas Protegidas do nosso país. Este projecto já conta com o apoio da Quercus, que atribui nota positiva e divulgou no seu programa televisivo "Minuto Verde" da RTP.

Numa feliz coincidência, enquanto estavam a trabalhar, os radioamadores tiveram a felicidade de observar e fotografar uma águia-cobreira (Circaetus gallicus) pousada num pinheiro muito próximo da área do CERVAS. Tendo em conta as semelhanças físicas, existe uma elevada probabilidade desta ave ser a mesma que foi devolvida à Natureza no dia 14 de Maio de 2011.

Legenda: Águia-cobreira pousada num pinheiro próximo da área do CERVAS.

Caso se trate do mesmo indivíduo que tinha sido libertado, serão já 43 dias de sobrevivência deste indivíduo, o que poderá perspectivar mais um caso de sucesso de reintegração de uma ave recuperada no CERVAS.

22 de Junho de 2011: Devolução à natureza de dois cágados-mediterrânicos

22 de Junho de 2011, Quarta-feira
14.30h - Devolução à natureza de dois cágados-mediterrânicos (Mauremys leprosa)
Junto ao Rio Seia


Foto: Mauremys leprosa

Estes dois animais ingressaram no CERVAS por intermédio do SEPNA-GNR de Gouveia. Um deles terá sido vítima de um atropelamento e apresentava uma pequena fractura da carapaça, já o outro cágado foi vítima de cativeiro acidental. A sua recuperação passou por uma alimentação adequada, e no caso do cágado com a carapaça partida foi essencial o tratamento da lesão permitindo a sua cicatrização. Os cágados foram devolvidos à natureza num local que reúne as condições adequadas para a sobrevivência da espécie, e onde já foram observados alguns indivíduos.




No momento da devolução à natureza destes dois cágados estiveram presentes 14 pessoas, entre as quais uma turma da EPSE - Escola Profissional da Serra da Estrela com o seu professor de energias renováveis, uma professora a representar a ESHT - Escola Superior de Hotelaria e Turismo, agentes do SEPNA-GNR de Gouveia, um particular e técnicos do CERVAS. Os cágados eram um macho e uma fêmea e foram baptizados de 'Afonso' e 'Vânia', respectivamente.


Em Portugal existem duas espécies de cágados autóctones, o cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) e o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), sendo este o que se encontra mais ameaçado, com estatuto de conservação Em Perigo (EN - Livro Vermelho Vertebrados de Portugal). No entanto ambas têm sofrido um declínio das suas populações selvagens e ocupam uma grande variedade de habitats dulciaquícolas ou de baixa salinidade, de águas paradas ou de corrente lenta, permanentes ou temporários, tais como charcos, albufeiras, represas, rios e ribeiras. Preferem locais com uma boa cobertura de vegetação aquática e pouca cobertura da vegetação das margens.

Foto: Mauremys leprosa

Foto: Mauremys leprosa

Os principais factores de ameaça identificados para estas espécies estão relacionados com a alteração e destruição de zonas palustres, as capturas intencionais e a introdução de espécies exóticas, entre as quais se destacam o cágado-da-flórida (Trachemys scripta) e o lagostim-vermelho-do-louisiana (Procambarus clarkii). O cágado-da-flórida apresenta-se como uma espécie com uma taxa de crescimento mais elevada e um comportamento mais agressivo e oportunista que as espécies autóctones. A sua introdução na natureza pode originar alterações na cadeia alimentar e a introdução de doenças ou parasitas para as quais as espécies autóctones não possuem defesa. Este cágado tem sido importado em grandes quantidades e muito frequentemente são abandonados pelos seus donos e introduzidos nos ecossistemas aquáticos naturais, onde se reproduzem.


Fotos: No local da libertação dos dois cágados, os técnicos do CERVAS detectaram uma das espécies exóticas, o cágado-da-flórida (Trachemys scripta). Este indíviduo adulto apresentava 1,200kg e foi removido do Rio Seia pelos técnicos, de forma a contribuir para a conservação das espécies autóctones.

Para reduzir este impacto pôs-se em marcha o projecto LIFE-Trachemys (LIFE09 NAT/ES/000529), co-financiado pela Comissão Europeia, para o seu desenvolvimento em 17 zonas húmidas da Generalidade Valenciana e Portugal e com o qual a Associação ALDEIA colabora através do RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (Ria Formosa - Olhão).


Os objectivos principais deste projecto são a diminuição da perda de biodiversidade aquática devido à presença de tartarugas exóticas, sobretudo de Trachemys scripta; a criação de uma estratégia de erradicação de populações selvagens de tartarugas exóticas invasoras; a conservação das populações actuais de anfíbios e tartarugas autóctones e a informação e sensibilização da sociedade para a problemática causada pela libertação de espécies exóticas na natureza e evitar esta prática tão habitual.


Espécie do mês de Junho: Melro-preto

Fotografia: Bruno Martins

O melro-preto – Turdus merula, Linnaeus, 1758 – é uma espécie comum nas zonas verdes da generalidade das localidades do nosso país. Os machos são facilmente identificados pela sua plumagem preta, bico alaranjado e a auréola amarelada em torno do olho. As fêmeas e os juvenis são acastanhados, com algumas riscas ténues, e, embora possam ser confundidos com o estorninho-preto, a plumagem dos melros é mate e a dos estorninhos é brilhante. Tanto o macho como a fêmea possuem patas e cauda compridas (1).

Fotografia: Gonçalo Costa

Em Portugal, o melro-preto é uma espécie residente muito comum, ainda que ocorram alguns indivíduos invernantes, e existe apenas a subespécie nominal (Turdus merula merula) (2). Distribui-se por toda a Europa de climas temperados, Rússia, Turquia, norte do Irão e China, podendo ser residente ou migratória (3). Encontra-se em toda a extensão do território nacional e frequenta todo o tipo de habitats florestais, embora seja escasso em eucaliptais extensos e pinhais contínuos e sem sub-bosque, e nas zonas mais áridas do nosso país, como por exemplo nas planícies mais abertas do Baixo Alentejo (2).

Começa a ouvir-se com regularidade em princípios de Fevereiro, mas é mais frequente ouvir-se o seu canto com regularidade de inícios de Março até Junho, embora os jovens machos possam começar a cantar mais cedo, com objectivo de estabelecer território. Durante o Verão os melros-pretos são mais silenciosos, mas no Outono é possível ouvir alguns machos a cantar (2, 4).

Alimenta-se principalmente de insectos e minhocas, que captura no solo ou na vegetação baixa, e no Outono e Inverno a sua dieta é maioritariamente composta por frutos e bagas diversas (2).

Fotografia: Bruno Martins

No início de Março inicia-se o acasalamento e o macho atrai a fêmea com uma exibição de corte. Depois de encontrarem o local para a construção do ninho, geralmente em árvores ou arbustos, a uma altura que varia de 1 a 4 metros do solo, é a fêmea que faz a maioria do trabalho de construção. O resultado final é um ninho em forma de taça com ervas ou pequenos galhos e geralmente forrado com lama, que pode demorar duas semanas a estar completo e até ser usado por mais do que uma ninhada (2, 5).

A época de nidificação é determinada pelas condições meteorológicas (2), começando normalmente no início de Março e durando até ao final de Julho. Os melros-pretos criam regularmente duas ou três ninhadas por ano, mas num ano favorável podem realizar quatro posturas e criar quatro ninhadas, não sendo assim de estranhar que se encontrem crias nos ninhos no mês de Agosto (2, 5).


As posturas têm entre 3 e 5 ovos que são incubados durante 12 a 14 dias. Apenas a fêmea é responsável pela incubação, mas depois da eclosão, ambos os progenitores alimentam as crias. Treze ou catorze dias depois da eclosão, as crias estão prontas para sair do ninho, mas se este for perturbado, poderão sair e sobreviver com apenas 9 dias de idade. São alimentadas com minhocas e larvas de borboleta, dependendo da zona de nidificação. Quando saem do ninho não voam, mas aprendem no prazo de uma semana (2, 5).

Por norma, os melros não atingem idades superiores a 3 ou 4 anos. A mortalidade dos adultos é particularmente acentuada na época de crias, durante a qual passam a maioria do tempo a procurar alimento. Morrem devido a doenças e até mesmo de fome, mas são também ameaçadas pelo tráfico, por acidentes (colisão com janelas ou outras estruturas humanas), pelos próprios predadores e, em ambiente urbano e suburbano, pelos animais domésticos, especialmente gatos (5), estas são igualmente as principais causas de ingresso desta espécie no CERVAS, verificando-se igualmente as quedas do ninho e o cativeiro ilegal.


Bibliografia

(1) Aves de Portugal: Turdus merula, consultado em http://www.avesdeportugal.info/turmer.html, a 30-05-2011.
(2) Catry, P., Costa, H., Elias, G. & Matias, R. 2010. Aves de Portugal: Ornitologia do Território Continental. Assírio & Alvim, Lisboa. ISBN: 978-972-37-1494-4.
(3) ARKive – Turdus merula, consultado em http://www.arkive.org/blackbird/turdus-merula/ , a 1 de Junho de 2011.
(4) Snow, David. A Study of Blackbirds. Londres: British Museum (Natural History), 1988. ISBN 0-7136-3940-7
(5) Blackbird. The Royal Society for the Protection of Birds, consultado em http://www.rspb.org.uk/wildlife/birdguide/name/b/blackbird/nesting.aspx , a 30-05-2011.







O CERVAS no VI Encontro pelo Rio Sabor


O Projecto BARN/CERVAS esteve presente no VI Encontro pelo Rio Sabor, organizado pela ALDEIA, que se realizou no passado fim de semana, 17 a 19 de Junho de 2011, na aldeia de Lagoa, Macedo de Cavaleiros.

Na sexta edição deste encontro pretendia-se uma vez mais celebrar o Rio Sabor, tendo sido percorrido um troço do seu curso, a pé ou de canoa. Trata-se de um rio com características únicas, que lhe permitem conservar importantes comunidades de flora e fauna ameaçadas e habitats de conservação prioritária a nível Europeu. Não só foi uma óptima oportunidade para conhecer este rio e o seu entorno, como as suas gentes e tradições associadas.

Uma das actividades integradas no programa deste encontro foi uma saída de campo para escuta/detecção de aves de rapina nocturnas na aldeia de Lagoa. Esta saída foi guiada por técnicos do CERVAS/ALDEIA, tendo sido detectadas duas espécies: Mocho-d'orelhas (Otus scops) e Mocho-galego (Athene noctua).

Agradecemos à organização deste encontro o convite realizado!

16 de Junho de 2011: Devolução à natureza de dois milhafres-pretos

16 de Junho de 2011, Quinta-feira
14.30h - Devolução à natureza de dois milhafres-pretos (Milvus migrans)
Mata Nacional do Choupal - Coimbra




Estas duas aves ingressaram no CERVAS em 2008 vítimas de cativeiro ilegal. Estes dois milhafres foram apreendidos e encaminhados para o CERVAS através do SEPNA-GNR (Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente da GNR). No momento do ingresso apresentavam as penas de voo cortadas e algumas lesões relacionadas com o cativeiro, bem como alguns comportamentos que não eram típicos da espécie. O seu processo de recuperação passou por uma alimentação adequada, treinos de voo e caça e no contacto com animais da mesma espécie de forma a recuperarem alguns dos comportamentos específicos da espécie. Além disto foi de extrema importância reduzir ao mínimo indispensável o contacto com seres humanos.



A sua devolução à natureza ocorreu num local que apresenta condições excelentes para a sua sobrevivência. Além da disponibilidade alimentar existente no local, a Mata Nacional do Choupal alberga uma colónia de casais reprodutores desta espécie, o que será uma mais valia a presença desta colónia para o sucesso desta devolução à natureza.



No momento de devolução à natureza dos dois milhafres-pretos estiveram presentes 7 pessoas, entre as quais técnicos do ICNB da Reserva Natural do Paúl de Arzila, o SEPNA-GNR de Anadia e técnicos do CERVAS. As aves foram baptizadas de 'Choupal' e de 'Guarda Santos'.

Conheça melhor a problemática do cativeiro ilegal.

CERVAS na comemoração do Dia Eco-Escolas em Gouveia


No passado dia 15 de Junho as escolas EB1 de São Julião, Jardim de Infância de Gouveia e um grupo de alunos da turma de Currículos Especiais Individuais celebraram o Dia Eco-Escolas.


Durante a manhã as crianças tiveram a oportunidade de realizar várias actividades entre as quais se destacam a 'Arruada' pelas ruas de Gouveia, o Eco-PeddyPaper, e a visita a várias exposições de diferentes entidades, entre as quais a do CERVAS no átrio da Câmara Municipal de Gouveia.
A exposição do CERVAS abordou como tema central a biodiversidade faunística na Serra da Estrela, expondo fotografias e material biológico como crânios e patas das diferentes espécies presentes no Parque Natural.



A iniciativa pretendeu, para além de mostrar o trabalho desenvolvido pelas Eco-Escolas durante o presente ano lectivo, sensibilizar e consciencializar a população para as boas práticas ambientais.

O CERVAS agradece o convite para colaborar na dinamização deste evento ao Programa Eco-Escolas do Agrupamento de Escolas de Gouveia e à Câmara Municipal de Gouveia.