Espécie do mês de Novembro: Açor
O açor (Accipiter gentilis), pertencente à família Accipitridae, é uma ave de rapina diurna, de tamanho médio, com asas largas e cauda comprida. É uma espécie residente em Portugal, relativamente rara ou pouco comum. É uma ave de hábitos discretos e é bastante semelhante na forma e padrão da plumagem ao gavião (Accipiter nisus), distinguindo-se deste sobretudo pelas maiores dimensões, asas robustas, cauda proporcionalmente mais comprida e cabeça projectada. Os adultos apresentam um tom acinzentado no dorso, e no peito e abdómen são esbranquiçados com barras horizontais de cor cinzento-escuro; os imaturos têm manchas verticais castanho-escuras em forma de gotas sob um fundo laranja-acastanhado; enquanto juvenis a íris dos olhos é amarelada e vai ficando avermelhada com a idade. Não existe dimorfismo sexual na plumagem, no entanto é possível separa-los pelo seu tamanho e peso, normalmente a fêmea é bastante maior (macho com comprimento máximo de cerca de 55 cm enquanto a fêmea pode alcançar os 64 cm) e mais pesada que o macho (as médias do peso para o macho estão perto dos 850g e para a fêmea perto de 1,5 kg).
Esta espécie a nível mundial encontra-se distribuída por toda Europa, pela maioria da Ásia e América do Norte. Em Portugal, o açor ocorre sobretudo no Norte e Centro do país, particularmente ao longo da faixa litoral, sendo escasso e de distribuição irregular no Sul. É uma ave de rapina tipicamente florestal (podendo ser encontrada num vasto leque de biótopos florestais que incluem carvalhais, pinhais e matas mistas de folhosas e resinosas) que surpreende pela agilidade do seu voo poderoso por entre as árvores de um bosque. Frequenta sobretudo mosaicos de floresta, matos e terrenos agrícolas, quer ao nível do mar quer em zonas de montanha. O açor tanto pode ser encontrado a voar por entre a ramagem das árvores de bosques densos, como planando acima das mesmas em correntes térmicas ascendentes e por vezes é possível observa-los poisados com o corpo erecto. É uma espécie discreta (já que frequentemente habita zonas pouco acessíveis ou, em geral, densamente florestadas) e relativamente mal conhecida em Portugal. Na última estimativa populacional desta espécie (2004) a BirdLife International estimou a população nacional em 50-200 casais, no entanto esta e outras estimativas devem ser consideradas com alguma precaução, pois resultam de amostragens de zonas de território bastante limitadas, podendo não reflectir correctamente a realidade nacional.
O açor é uma espécie monogâmica e o casal mantém-se junto toda a vida; normalmente cria pela primeira vez aos 2-3 anos de idade e constrói os ninhos em árvores de grande porte que podem ser reutilizados em anos sucessivos, embora muitos casais possuam um ou mais ninhos no seu território; ambos os sexos ajudam na construção do ninho. Na Europa, as posturas são normalmente compostas por 3 ou 4 ovos; a incubação dura entre 35 e 38 dias e as crias ficam aptas a voar ao fim de 35-42 dias, tornando-se independentes com cerca de 70 dias de idade. Existem poucos dados sobre a biologia de reprodução da espécie em Portugal. Em alguns locais, o período de reprodução tem início em finais de Março (altura em que pode ser mais facilmente observado durante as paradas nupciais), prolongando-se até finais de Junho. Observam-se juvenis voadores a partir de finais de Junho ou princípios de Julho. O açor é uma espécie essencialmente residente na Península Ibérica, que efectua apenas movimentos dispersivos.
A dieta do açor é variada, podendo incluir aves, mamíferos e répteis. Captura preferencialmente aves, seguindo o princípio de que a espécie mais numerosa e de tamanho mais conveniente é a que mais se captura, podem-se observar diferenças locais consideráveis na dieta do açor. Sendo assim, e com base num estudo feito em 2001, verificou-se que as aves foram o grupo de animais mais consumido (87% das presas), e neste grupo os pombos-domésticos foram a presa mais importante, quer em termos numéricos quer em termos de biomassa. Os outros grupos de animais que constituíram a sua dieta foram mamíferos, répteis e coleópteros.
A esta espécie foi atribuído pelo ICNB em 2005 o estatuto de "Vulnerável" pois verifica-se uma população muito reduzida.
Os principais factores de ameaça são o abate ilegal e a captura e cativeiro ilegal (destruição de ninhos e roubo de crias); os incêndios florestais, o corte e abate de árvores, e a reconversão de grandes manchas de floresta em eucaliptal que provocam a fragmentação do habitat e diminuem os locais óptimos de nidificação; o envenamento por pesticidas e metais pesados através das presas que consome e, possivelmente, tricomoníase e candidíase por consumo de pombos.
A esta espécie foi atribuído pelo ICNB em 2005 o estatuto de "Vulnerável" pois verifica-se uma população muito reduzida.
Os principais factores de ameaça são o abate ilegal e a captura e cativeiro ilegal (destruição de ninhos e roubo de crias); os incêndios florestais, o corte e abate de árvores, e a reconversão de grandes manchas de floresta em eucaliptal que provocam a fragmentação do habitat e diminuem os locais óptimos de nidificação; o envenamento por pesticidas e metais pesados através das presas que consome e, possivelmente, tricomoníase e candidíase por consumo de pombos.
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