Espécie do mês de Janeiro: Corvo-marinho
O corvo-marinho (Phalacrocorax carbo) é o único do género que ocorre em águas interiores. Possui um aspecto robusto, com pescoço grosso e cabeça grande e a área gular nua e amarelo-alaranjada estendendo-se até aos olhos.
Os indivíduos reprodutores têm manchas brancas sobre a cabeça e flancos e os juvenis possuem o pescoço e o ventre brancos.
Os indivíduos reprodutores têm manchas brancas sobre a cabeça e flancos e os juvenis possuem o pescoço e o ventre brancos.
Os corvos-marinhos possuem um voo pesado durante o momento em que levantam voo, encolhendo um pouco o pescoço.
O corvo-marinho é uma espécie invernante no nosso país, proveniente das ilhas Britânicas, países baixos e Dinamarca, cujos primeiros indivíduos, de uma forma geral, chegam no início de Setembro, aumentando de forma significativa a partir de Outubro. Após o inverno regressam aos seus locais de nidificação em Fevereiro e sobretudo em Março, podendo um número muito reduzido de aves permanecer em alguns locais ao longo de todo o ciclo anual.
O corvo-marinho em Portugal é uma espécie comum ao longo de todo o litoral com uma distribuição ampla, embora mais descontínua no interior. No litoral aberto ao oceano é pouco frequente em sectores arenosos, preferindo a costa rochosa, onde se podem concentrar bandos que atingem algumas dezenas de indivíduos (Cabo Carvoeiro e Cabo da Roca).
O corvo-marinho pode ser visto normalmente em barragens, grandes rios, lagoas costeiras, pauis, estuários e rias, onde nestes últimos durante o dia descansa pousado em baixios intermareais, utilizando igualmente balizas de sinalização e outras estruturas. Por norma, o corvo-marinho, é uma espécie gregária podendo ser vista em bandos, em dormitórios que se situam em ilhotas rochosas, em árvores localizadas em zonas ribeirinhas e em bancos de areia fluviais, que podem reunir milhares de indivíduos. É um nidificante raro em Portugal onde somente em 2007 houve registo de nidificação pela primeira vez, na barragem do Alqueva, verificando-se nos anos posteriores novos registos no mesmo local. Para a nidificação o corvo-marinho escolhe preferencialmente árvores situadas em barragens, e os ninhos encontram-se activos de Maio a final de Julho. Na Europa as posturas desta espécie são constituídas por 3-4 ovos, que são incubados durante 28 a 31 dias, e as crias voam com cerca de 50 dias de idade.
O corvo-marinho é piscívoro, alimentando-se de peixes que captura mergulhando a profundidades que podem oscilar entre 3 e 9 metros.
Como curiosidade na Ásia Oriental o corvo-marinho é utilizado pelo Homem na pesca (actualmente para fins turísticos), para o efeito é colocado um aro em redor do pescoço das aves de forma a impedir a ingestão das presas capturadas durante os mergulhos.
O número de indivíduos desta espécie em Portugal tem vindo a aumentar assim como a sua área de distribuição que pode ter sido favorecida pelo incremento do número de barragens e açudes em algumas regiões, e com a expansão do corvo-marinho no norte e no centro da Europa. O corvo-marinho, apesar de protegido por lei é perseguido nalgumas regiões onde existem grandes complexos de piscicultura intensiva, colocando para o efeito redes, tiras de plástico ou fios de arame ou de nylon sobre os tanques de piscicultura, o uso de espantalhos ou o recurso a canhões detonadores, sendo o impacto da aplicação de alguns destes métodos elevado.
Bibliografia:
- Bruun B., Svensson H. 2002. Aves de Portugal e Europa. Guias FAPAS. ISNB:972-95951-0-0
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