Causas de Ingresso: Electrocussão

A electrocussão é uma das maiores ameaças à conservação de aves selvagens, sendo também uma das principais causas de ingresso em centros de recuperação. Esta situação ocorre quando uma ave levanta voo ou poisa num poste de electricidade que usa como poleiro, e há contacto com elementos não isolados do fio de electricidade, o que leva à passagem de corrente eléctrica pelo corpo. Geralmente a entrada ocorre pela ponta de uma das asas e a saída dá-se por uma pata do lado oposto, mas nem sempre segue este padrão, por isso, a diversidade de lesões é muito grande.




Falcão-peregrino (Falco peregrinus) juvenil electrocutado em Vale de Algoso, Vimioso que ingressou no CERVAS no dia 25 de Novembro de 2009.



A electrocussão é uma das ameaças mais letais, porque a passagem da corrente eléctrica pelo corpo da ave geralmente resulta em morte fulminante. Ainda assim, alguns animais sobrevivem e podem ingressar em centros de recuperação,mas a gravidade das lesões leva a que esta causa de ingresso seja uma das que apresenta taxas de recuperação mais reduzidas. As lesões produzidas são combustão e necrose nos pontos de entrada e saída da corrente; rotura generalizada dos endotélios vasculares, o que produz hemorragia interna e congestão generalizadas; lesões neuronais que podem variar desde pequenas perdas de percepção (por vezes transitórios) até danos generalizados irreversíveis no sistema nervoso central, que por sua vez podem conduzir a paralisia parcial, total ou a diversos graus de ataxia.


A gravidade das lesões depende essencialmente da voltagem da linha eléctrica e do tamanho da ave afectada. Uma ave de grandes dimensões pode suportar um grau de destruição tissular que deixaria irreversivelmente incapacitada uma ave de menor massa corporal. Geralmente, aves de grande tamanho como Cegonhas-brancas (Ciconia ciconia), Águias-reais (Aquila chrysaetus), Bufos-reais (Bubo bubo) ou diversas espécies de Abutres, como por exemplo o Abutre-preto (Aegypius monachus), podem ser recuperáveis caso não tenha ocorrido lesão nervosa ou se as lesões dos tecidos forem recuperáveis.



Abutre-preto (Aegypius monachus) electrocutado num poste em Portalegre, com extensa lesão ao longo da asa, na fase intermédia da recuperação das feridas. Este indivíduo é considerado irrecuperável devido à destruição irreversível dos folículos das penas na zona do cotovelo e será integrado num programa de reprodução em cativeiro em Espanha.





Mapa da proveniência de todos os animais que ingressaram no CERVAS (por freguesias e por ano) e mapa da provenência dos animais que ingressaram por electrocussão.


Consulte mais informações sobre a problemática da electrocussão de aves selvagens em Portugal aqui.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Espécie do mês de Maio: Cobra-rateira

Espécie do mês de Setembro: Cágado-mediterrânico

Espécie do mês de Junho: Melro-preto

Espécie do mês de Março: Corvo

Espécie do mês de Junho: Ouriço-cacheiro

Espécie do mês de Junho: Víbora-cornuda

Espécie do mês de Abril: Coelho-bravo

Espécie do mês de Março: Morcego-anão

Espécie do mês de Setembro: Cobra-de-água-de-colar

Espécie do mês de Fevereiro: Gavião